A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “um avanço concreto” o encontro bilateral realizado no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A avaliação foi feita pelo presidente da entidade, Ricardo Alban, que vê no diálogo um sinal de compromisso dos dois governos para construir soluções equilibradas sobre o chamado tarifaço aplicado aos produtos brasileiros.
Alban destacou que o anúncio da abertura oficial de negociações para rever as tarifas, acompanhado da “disposição real” das partes em chegar a um consenso, representa um passo relevante. “Acreditamos em uma solução que devolva previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras, fortalecendo a indústria e o emprego no país”, afirmou.
A CNI informou que continuará disponível para oferecer apoio técnico às equipes envolvidas. A entidade defende desde o início a via diplomática, apresentando propostas em áreas de interesse comum, como energia renovável, biocombustíveis, minerais críticos e tecnologia.
Segundo Alban, é natural que os Estados Unidos busquem proteger suas cadeias produtivas, mas o processo precisa ser “racional, transparente e baseado em dados”. Em setembro, a confederação liderou uma missão empresarial a Washington, quando foram abertas frentes de cooperação em data centers, combustível sustentável de aviação (SAF) e minerais críticos.
Próximos passos
Lula e Trump se reuniram às 15h30 no horário local (4h30 em Brasília), à margem da Cúpula de Líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Antes da conversa a portas fechadas, o presidente norte-americano disse acreditar que as tarifas “podem ser negociadas muito rapidamente” e que espera alcançar “acordos muito bons”.
Ficou acertado que representantes dos dois governos realizariam uma nova reunião ainda na noite de domingo na capital malaia. De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, Trump determinou à sua equipe o início imediato do processo de negociação bilateral.
O encontro na Malásia foi a terceira conversa direta entre os dois presidentes. A primeira ocorreu durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York; a segunda, em 6 de outubro, foi por telefone, ocasião em que Lula sugeriu a reunião no âmbito da cúpula da Asean, que termina nesta terça-feira (28).
Com informações de Gazeta do Povo