São Paulo – Mesmo com a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos desde 6 de agosto, as exportações brasileiras de carne bovina seguem em alta. Até 25 de agosto, o país embarcou em média 13.307 toneladas por dia, 34,7% acima do registrado no mesmo período de 2024. A receita diária alcançou US$ 74,55 milhões, incremento de 70,1%, segundo dados preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
A participação da proteína bovina no total das vendas externas brasileiras subiu de 3,35% em agosto de 2024 para 5,22% neste ano. O preço médio por tonelada passou de US$ 4.435,40 para US$ 5.602, alta de 26,3%.
Impacto limitado da queda nas vendas aos EUA
Os embarques ao mercado americano, segundo maior destino da carne brasileira até 2024, caíram após a nova tarifa, que elevou a taxa de importação de 26,4% para 76,4% acima da cota anual de 70 mil toneladas. Ainda assim, a demanda de outros países compensou a perda, afirma Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em julho, ele estimava que o setor poderia perder até US$ 1 bilhão em 2025.
Entre janeiro e julho, o Brasil exportou 1,56 milhão de toneladas de carne bovina. A China respondeu por 790,1 mil toneladas (50,5%), enquanto os EUA compraram 169,2 mil toneladas (10,8%). “Os americanos dependem mais da carne brasileira do que o Brasil das vendas aos EUA”, avalia João Otávio Figueiredo, head de pecuária da consultoria Datagro.
México assume vice-liderança nas compras
Após recorde de 44,2 mil toneladas exportadas aos EUA em abril, os volumes recuaram para 22,5 mil toneladas em maio, 13,4 mil em junho e 12,7 mil em julho. No mesmo mês, o México importou 15,6 mil toneladas e ultrapassou os americanos. Em agosto, até o dia 25, o México recebeu 10,2 mil toneladas, contra 7,8 mil enviadas aos EUA. Rússia e Chile também superaram os norte-americanos, com 7,9 mil toneladas cada.
Preço da carne dispara nos Estados Unidos
Com o menor rebanho bovino em 70 anos e a redução do produto brasileiro no mercado local, o preço médio da carne moída nos EUA atingiu US$ 6,504 por libra (R$ 77,71/kg) em julho, segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS). O valor representa alta de 11,75% em relação a janeiro, enquanto a inflação acumulada em 12 meses estava em 2,7%. O Brasil responde por 26,6% da carne bovina importada pelos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Agricultura (USDA).
Imagem: Marcelo Elias
Mesmo com a tarifa de 76,4%, alguns importadores americanos avaliam retomar compras do Brasil, relatam frigoríficos nacionais.
Diversificação de mercados e novos destinos
Em pouco mais de dois anos, a carne bovina brasileira conquistou 17 novos mercados e chegou a 134 destinos em 2024. Somente em 2025 foram abertas 12 novas praças, incluindo Quênia, Vietnã e Filipinas. O setor também aguarda a abertura do Japão, após o país reconhecer o Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação.
No dia 6 de agosto, mesma data da entrada em vigor da tarifa dos EUA, o Ministério do Comércio chinês prorrogou por três meses a investigação de salvaguarda sobre as importações de carne bovina, sinalizando, segundo analistas, que não pretende restringir as compras no curto prazo.
Com informações de Gazeta do Povo