Pesquisadores da Embrapa confirmaram a resistência das cultivares de banana BRS Princesa e BRS Platina à raça 4 tropical (R4T) do fungo Fusarium oxysporum, responsável por devastar plantações em vários continentes. O anúncio foi feito em 7 de outubro de 2025, posicionando o Brasil entre os poucos países preparados para conter a doença conhecida como murcha de Fusarium ou mal-do-Panamá.
A R4T já foi detectada em países vizinhos — Colômbia (2019), Peru (2020) e Venezuela (2023) — e pode chegar ao território brasileiro por meio de solo contaminado em sapatos, ferramentas, mudas aparentemente sadias ou plantas ornamentais hospedeiras. O patógeno bloqueia o sistema vascular da bananeira, interrompendo o fluxo de água e nutrientes e levando a planta à morte.
Testes de campo na Colômbia
As duas variedades nacionais foram avaliadas em parceria com a AgroSavia, na primeira fazenda colombiana onde a R4T foi registrada. As mudas enviadas em janeiro de 2022 passaram oito meses em quarentena sob supervisão do Instituto Agropecuário Colombiano (ICA) para comprovar ausência de pragas. Em seguida, foram expostas ao fungo em casa de vegetação, tanques com solo contaminado e, por fim, em área de plantio aberta.
Menos de 1% das bananeiras BRS Princesa e BRS Platina apresentou sintomas, índice que classifica as cultivares como resistentes. Segundo o fitopatologista Fernando Haddad, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, os materiais foram desenvolvidos ao longo de décadas de melhoramento genético iniciado pelos pesquisadores Sebastião Silva e Zilton Cordeiro para combater cepas anteriores do fungo.
Barreira natural e novos cruzamentos
Com a eficácia comprovada, diploides ancestrais usados no desenvolvimento das duas bananas servirão de base para um programa de melhoramento genético da variedade Cavendish na Colômbia. A Embrapa também trabalha com a Corporação Bananeira Nacional (Corbana), da Costa Rica, em híbridos Cavendish resistentes à R4T.
Disponibilidade no mercado brasileiro
A BRS Princesa, de tipo maçã, já é amplamente comercializada no país; na Ceagesp, mais de 90% da banana maçã disponível é dessa cultivar. A BRS Platina, de tipo prata — categoria mais consumida no Brasil —, começa a ganhar espaço, enquanto uma nova cultivar prata tem lançamento previsto para 2026.
Regiões fortemente dependentes da cultura, como o Vale do Ribeira, que possui cerca de 30 mil hectares de banana e baseia 70% da economia local na fruta, devem se beneficiar diretamente do uso das cultivares resistentes.
Com informações de Gazeta do Povo