A Âmbar Energia, empresa do grupo J&F dos irmãos Joesley e Wesley Batista, anunciou nesta quarta-feira, 15 de outubro de 2025, a compra da totalidade da participação que a Eletrobras detinha na Eletronuclear, responsável pelo Complexo Nuclear de Angra dos Reis (RJ). O valor do negócio foi fixado em R$ 535 milhões e a operação ainda precisa de aval dos órgãos reguladores.
Com o acordo, a Âmbar passa a deter 68% do capital total da Eletronuclear e 35,3% do capital votante. O controle societário continua com a União, por meio da ENBPar, que preserva 64,7% das ações com direito a voto e cerca de 32% do capital total.
Em nota, a empresa destacou que a energia nuclear oferece “estabilidade, previsibilidade e baixas emissões”, características consideradas essenciais num cenário de transição energética e crescimento da demanda impulsionado pela digitalização. Em 2024, a Âmbar registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.
Angra 3 pressiona caixa da estatal
A Eletronuclear opera as usinas Angra 1 e Angra 2, cujos contratos de venda de energia vão até 2044 e 2040, respectivamente, e é responsável pelo projeto Angra 3, paralisado há anos. Apenas a manutenção da terceira unidade e o pagamento de credores devem exigir cerca de R$ 1 bilhão em 2025, segundo estimativa do Ministério de Minas e Energia.
Semanas antes do anúncio da venda, o ministro Alexandre Silveira enviou ofício ao governo federal pedindo recursos adicionais para evitar a insolvência da Eletronuclear. O documento alerta para a necessidade de aporte bilionário para cumprir obrigações com BNDES, Caixa Econômica Federal e para honrar o encargo setorial RGR (Reserva Global de Reversão).
Conforme o ministério, a solicitação de verba foi encaminhada para o ciclo orçamentário de 2026, mas ainda não há definição sobre o repasse. A estatal afirma ter recebido mais de R$ 5 bilhões da Eletrobras entre 2015 e 2021, antes da privatização, e que vem adotando desde janeiro de 2024 um programa de redução de custos que já economizou R$ 500 milhões em relação ao orçamento de dezembro de 2023.
O avanço da Âmbar sobre a Eletronuclear ocorre, portanto, em meio a pressões por capitalização e incertezas sobre o futuro do projeto Angra 3.
Com informações de Gazeta do Povo