Brasília – A 1ª Vara Criminal de Brasília sentenciou o estudante de História da Universidade de Brasília (UnB) e criador de conteúdo de direita Wilker Leão a dois anos e três meses de detenção em regime aberto pelos crimes de injúria e difamação contra o professor Estevam Thompson.
A decisão, publicada em 1º de agosto, determinou ainda 90 dias-multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas prestações pecuniárias de 15 salários mínimos cada – uma ao docente e outra a entidade social – além do pagamento de R$ 5 mil em honorários advocatícios. Cabe recurso.
Seis publicações consideradas ofensivas
Segundo a sentença, os delitos ocorreram em seis ocasiões entre outubro e novembro de 2024. Sem autorização, Leão gravou aulas de História da África ministradas por Thompson, divulgando-as nas redes juntamente com comentários e legendas que a Justiça classificou como ofensivas. Entre as expressões usadas aparecem “Prof Brabão”, “comunista” e “transgeneral”, além de caricaturas e questionamentos sobre o conteúdo das aulas.
A juíza destacou que a liberdade de cátedra assegura ao professor autonomia para permitir ou não gravações em sala. Para ela, a exposição pública do docente com identificação e críticas depreciativas feriu a honra e teve “finalidade apenas de exposição da figura do professor”.
Posições das partes
Em carta aberta, Thompson celebrou a decisão como “vitória da educação pública” e encorajou colegas a buscar a Justiça em casos semelhantes. A Associação dos Docentes da UnB classificou Leão como “youtuber de extrema direita”.
Já o estudante, bacharel em Direito, reagiu em transmissão na noite de segunda-feira, 11, afirmando ter sido condenado “pelo grave crime de questionar professores”. Ele alegou perseguição ideológica, disse que suas críticas eram políticas, não pessoais, e prometeu recorrer. “Eles querem me usar como símbolo para que outros desistam”, declarou.

Imagem: YouTube via revistaoeste.com
Suspensão na universidade
Em dezembro de 2024, a UnB suspendeu Leão de duas disciplinas por 60 dias, alegando que as gravações prejudicavam o andamento das aulas e outros estudantes. A defesa do aluno sustenta que não houve intenção de ofensa e que não existe proibição legal para registrar as aulas.
O caso segue pendente de recurso.
Com informações de Revista Oeste