São Paulo – A disputa por incentivos no setor automotivo ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (30/07/2025). Após Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors solicitarem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a manutenção do Imposto de Importação sobre veículos semidesmontados, a chinesa BYD divulgou nota em que acusa as concorrentes de pressionar o governo por meio de possíveis cortes de empregos.
No documento intitulado “Por que a BYD incomoda tanto?”, a empresa afirma que as rivais “fazem chantagem” ao falar em demissões e suspensão de investimentos caso haja benefício fiscal para a marca asiática. A montadora argumenta que a redução temporária do tributo é necessária enquanto conclui a instalação de sua fábrica em Camaçari (BA).
Pedido de alíquota menor
A BYD solicita que o Imposto de Importação para kits de montagem caia de 18% para 10% nos modelos elétricos e de 20% para 10% nos híbridos, por um período de 12 meses. A empresa investe R$ 5,5 bilhões na unidade baiana, que ocupará o antigo complexo da Ford, e projeta nacionalizar até 70% dos componentes quando a linha de produção estiver plena.
Risco de “maquila”, dizem rivais
A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e as quatro montadoras que assinaram a carta ao Palácio do Planalto alertam que o abatimento pode colocar em xeque R$ 60 bilhões previstos para o setor até 2030 e eliminar 50 mil postos de trabalho formais. Segundo o grupo, o país corre o risco de virar uma “maquila”, dependente de montagem de baixa complexidade.
Igor Calvet, presidente da entidade empresarial, destaca que o segmento precisa de previsibilidade regulatória e que mudanças repentinas forçam a revisão de planos industriais. O temor aumenta diante do avanço das importações: nos seis primeiros meses de 2025, os veículos trazidos da China praticamente igualaram o volume total de 2024, e as marcas chinesas já respondem por 5,4% dos emplacamentos, de acordo com a Fenabrave.

Imagem: Bagus Indahono via gazetadopovo.com.br
Aposta no apoio do consumidor
Na nota, a BYD diz que o desconforto das rivais decorre da boa recepção de seus modelos, os quais, segundo a companhia, estimularam quedas superiores a R$ 100 mil em preços de concorrentes elétricos. Para Alexandre Baldy, vice-presidente da operação brasileira, o consumidor foi “obrigado a pagar caro por tecnologia velha e design preguiçoso” durante décadas.
Governadores de seis estados pediram adiamento da análise do pedido da BYD, mas a decisão sobre a redução temporária de imposto pode sair ainda hoje.
Com informações de Gazeta do Povo