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Brasil enfrenta tarifa de 50% dos EUA e é apontado como pior negociador no novo pacote de sobretaxas

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Brasília, 9 de agosto de 2025. O Brasil passou a ser considerado o país que obteve o pior resultado nas negociações com os Estados Unidos após a aplicação das novas tarifas comerciais determinadas pelo presidente norte-americano Donald Trump. As exportações brasileiras para o mercado norte-americano agora pagam alíquota de 50%, a mais elevada em vigor mundialmente.

Desde o anúncio do chamado “tarifaço”, em 2 de abril, outras nações ou blocos conseguiram reduções ou acordos parciais. O governo brasileiro, no entanto, limitou-se a discursos e adiou tratativas diretas com Washington, segundo fontes diplomáticas. Até o momento, não houve conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump sobre o tema.

Risco de sanções adicionais

Além da sobretaxa, o país pode ser alvo de sanções complementares devido à elevada importação de óleo diesel russo, interpretada pelos EUA como apoio indireto ao governo de Vladimir Putin na guerra da Ucrânia.

Pouco avanço diplomático

Em quatro semanas, apenas uma reunião de alto nível foi registrada: o chanceler Mauro Vieira encontrou-se com o secretário de Estado Marco Rubio, sem resultados concretos. O Planalto realizou encontros internos coordenados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, mas não apresentou proposta formal a Washington.

Declarações públicas

Lula classificou as tarifas como “chantagem inaceitável” e afirmou que não pretende “se humilhar” em negociações comerciais. Trump, por sua vez, declarou que o líder brasileiro poderia telefonar “quando quisesse” para tratar do assunto.

Impacto econômico

Setores como carnes, café, celulose e minério tentam calcular perdas em emprego e faturamento. Aproximadamente 700 produtos brasileiros foram incluídos numa lista de exceção, sujeita a taxa de 10%, mas mais da metade das exportações permanece atingida pela alíquota de 50%.

Terras raras como trunfo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende oferecer minerais críticos — entre eles as terras raras, das quais o Brasil possui a segunda maior reserva mundial — como moeda de troca. Os EUA buscam diversificar o suprimento desses insumos estratégicos para reduzir dependência da China.

Brasil enfrenta tarifa de 50% dos EUA e é apontado como pior negociador no novo pacote de sobretaxas - Imagem do artigo original

Imagem: André Borges – EFE via gazetadopovo.com.br

Diplomatas norte-americanos já indicaram interesse em um acordo envolvendo a exploração desses minerais em território brasileiro. Lula, contudo, declarou que o país ainda não tem capacidade de processar os minérios e que pretende manter o controle sobre as jazidas.

Recurso à OMC

Contrariando sugestões de negociação direta, o Itamaraty abriu consulta na Organização Mundial do Comércio, alegando violação do princípio da Nação Mais Favorecida. Especialistas lembram que o mecanismo de solução de controvérsias da OMC está fragilizado desde 2019, o que pode limitar o alcance da iniciativa.

Aproximação com o Brics

Paralelamente, Lula telefonou ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para reforçar a cooperação dentro do Brics. A Índia também foi alvo de sobretaxa norte-americana de 50%. Analistas observam, porém, que o bloco não teria capacidade de absorver toda a demanda norte-americana pelos produtos brasileiros.

Economistas Juliana Inhasz (Insper), Simão Sílber (USP) e Mauro Rochlin (FGV-SP) avaliam que a estratégia de confronto do governo brasileiro pode ampliar as perdas e isolar o país, recomendando retomada imediata do diálogo com Washington.

Com informações de Gazeta do Povo