Brasília, 5 de agosto de 2025 – A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (5), confirma que o Banco Central decidiu segurar a taxa básica de juros em 15% por precaução diante das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.
De acordo com o documento, os diretores da autarquia avaliam que as medidas norte-americanas elevam a incerteza sobre o ambiente externo e podem afetar tanto a economia real quanto os mercados financeiros do país. “O Comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros”, registra a ata.
Postura cautelosa
O Copom interrompeu, na semana passada, o ciclo de aumento da Selic – que havia sido elevado de forma “rápida e firme” nos últimos encontros – para observar os efeitos das altas anteriores. Mesmo assim, o colegiado salientou que poderá retomar o aperto monetário caso julgue necessário.
Riscos fiscais
Além do cenário externo, o Banco Central voltou a manifestar preocupação com a condução da política fiscal. Segundo a ata, a combinação de gasto público elevado, expansão de crédito direcionado e incerteza sobre a estabilização da dívida pode ampliar a taxa de juros neutra e reduzir a eficácia da política monetária.
Inflação acima da meta
O Comitê mantém projeção de inflação acima da meta de 3%, ainda que dentro da banda de tolerância de 4,5%. O Relatório Focus desta semana aponta índice de preços de 5,07% em 2025, recuando para 4,43% em 2026, 4% em 2027 e 3,8% em 2028, todos acima do centro do objetivo oficial.

Imagem: Marcello Casal Jr. via gazetadopovo.com.br
Na avaliação dos diretores, a desancoragem das expectativas exige juros elevados por período maior. O mercado de trabalho, considerado “dinâmico”, com desemprego baixo e aumento real de salários superior à produtividade, também pressiona a inflação de serviços, reforçando a necessidade de política monetária restritiva.
O colegiado concluiu que a atual pausa serve para avaliar os efeitos das altas realizadas, mas reiterou que “não hesitará” em elevar a Selic novamente caso julgue adequado para restabelecer a convergência da inflação à meta.
Com informações de Gazeta do Povo