A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) reforçou sua interlocução com dirigentes do Centrão ao declarar apoio público ao senador Efraim Filho (União Brasil-PB) como “futuro governador da Paraíba”. O gesto foi feito em 25 de julho, durante a inauguração da nova sede do PL no estado.
Ato provoca reação no União Brasil
Depois da manifestação de Michelle, Efraim Filho — líder do União Brasil no Senado — comunicou à rádio CBN João Pessoa que colocaria à disposição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dois cargos federais indicados por ele na Paraíba: as superintendências da Codevasf e dos Correios. Apesar do anúncio, os ocupantes dos postos permaneciam nos cargos até o fechamento desta reportagem.
A Codevasf é responsável por distribuir máquinas e equipamentos como tratores, retroescavadeiras e caminhões, essenciais para obras de infraestrutura rural, abastecimento de água e apoio à agricultura familiar, o que confere influência política sobre prefeitos e lideranças locais.
Tensão com o Planalto
A entrega dos cargos ocorreu em meio a rusgas entre o União Brasil e o Palácio do Planalto. Após o episódio, Lula reuniu ministros filiados ao partido para cobrar maior alinhamento político.
Análises divergentes
Para o cientista político Paulo Kramer, o movimento reforça a “interdependência” entre o bolsonarismo e o Centrão. Ele avalia que Jair Bolsonaro, mesmo inelegível para 2026, continua sendo o principal polo da direita, mas precisa manter pontes com o bloco de centro.
O estrategista político Gilmar Arruda discorda. Segundo ele, a aproximação observada na Paraíba é circunstancial e não sinaliza concessões mais amplas ao Centrão. Arruda aposta em maior proximidade do PL com o PP, partido considerado mais alinhado ao ex-presidente.

Imagem: Isaac Fontana via gazetadopovo.com.br
Já o analista Luan Sperandio, diretor de operações do Ranking dos Políticos, interpreta a movimentação como parte de uma estratégia eleitoral: ao liderar uma chapa encabeçada por Efraim Filho, o PL abriria espaço para lançar o ex-ministro Marcelo Queiroga ao Senado em 2026.
Papel de Michelle em 2026
Embora negue disputar a Presidência, Michelle Bolsonaro transferiu recentemente seu domicílio eleitoral do Rio de Janeiro para Brasília, o que amplia especulações sobre uma candidatura ao Senado pelo Distrito Federal. Sem Jair Bolsonaro na corrida presidencial, ela é vista por aliados como figura capaz de unificar a direita e dialogar com outras legendas.
Enquanto isso, União Brasil e PP formaram, em abril, uma federação que vem adotando discurso cada vez mais crítico ao Planalto — mas sem abrir mão de cargos em quatro ministérios. A composição das alianças para 2026 permanece em aberto.
Com informações de Gazeta do Povo