Roma, 29 de julho de 2025 – O deputado italiano Angelo Bonelli, 62 anos, integrante da Aliança Verdes-Esquerda, declarou na rede X nesta terça-feira (29) que forneceu à polícia o endereço do apartamento em Roma onde a deputada federal brasileira Carla Zambelli (PL-SP) estava hospedada no momento em que foi detida. Bonelli escreveu que “a polícia está identificando Zambelli”, mas não há confirmação oficial de que sua informação tenha sido decisiva para a prisão.
Pressão por extradição
Em junho, poucos dias depois de Zambelli revelar que se encontrava na Itália, Bonelli já havia cobrado publicamente o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, e o chanceler Antonio Tajani sobre a aplicação do tratado de extradição entre Itália e Brasil. Na ocasião, o parlamentar argumentou que “não se pode usar a cidadania italiana para escapar de uma condenação” e advertiu que o país “corre o risco de se tornar um paraíso para gente condenada”.
Trajetória política
Nascido em Roma, Bonelli milita na esquerda desde o início dos anos 1990. Ele integrou a Federação Verde entre 1990 e 2021, passou pela Europa Verde e, em 2022, foi eleito deputado nacional pela Aliança Verdes-Esquerda. Antes disso, foi vereador na capital italiana, conselheiro regional e assessor de Meio Ambiente no Lácio.
O deputado chegou à Câmara pela primeira vez em 2006, mas perdeu a reeleição em 2008 porque seu partido não atingiu o quórum mínimo de votos. Em 2010, conquistou uma cadeira no Conselho Regional do Lácio. Dois anos depois, disputou a prefeitura de Taranto, na Apúlia, sem sucesso; assumiu vaga na câmara municipal, da qual renunciou em 2016 após críticas por ausências, alegando problemas de saúde dos pais.
Bonelli voltou ao Parlamento apenas em 2022, representando a cidade de Ímola.
Oposição a Giorgia Meloni
No Legislativo, Bonelli integra o grupo que associa a primeira-ministra Giorgia Meloni ao legado fascista italiano. Em 2024, depois que vídeos mostraram jovens militantes do partido Irmãos da Itália fazendo saudações e entoando slogans neofascistas, Meloni repudiou o episódio, mas Bonelli afirmou que a premiê “condena tudo, exceto o fascismo”.

Imagem: FABIO FRUSTACI via gazetadopovo.com.br
Em março deste ano, durante sessão da Câmara, o deputado dirigiu-se a Meloni dizendo: “Não me olhe com esses olhos perturbadores!”. A cena gerou constrangimento; a própria primeira-ministra riu sem entender o comentário. O episódio rendeu coluna do jornalista Massimo Gramellini, do Corriere della Sera, que descreveu a reação dividida entre eleitores de esquerda e direita.
Atualmente, Angelo Bonelli mantém atuação focada em temas ambientais e no enfrentamento ao governo de direita de Giorgia Meloni, ao mesmo tempo em que pressiona as autoridades italianas a cooperar com a Justiça brasileira no caso de Carla Zambelli.
Com informações de Gazeta do Povo