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Trabalhadores dos Correios no RJ rejeitam acordo coletivo e disputa salarial vai a dissídio

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A maioria dos funcionários dos Correios no Estado do Rio de Janeiro rejeitou, na segunda-feira, 22 de dezembro, a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentada pela empresa durante audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Com o resultado, a negociação salarial seguirá para julgamento de dissídio coletivo.

Segundo o Sintect-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro), 512 empregados participaram da votação virtual: 486 votos contrários, 13 favoráveis e 13 abstenções. A assembleia havia recebido 1.200 inscrições.

Principais pontos contestados

O sindicato afirma que o texto proposto retira direitos históricos da categoria. Entre as críticas estão:

  • ausência de pagamento retroativo do reajuste salarial a partir de agosto de 2025;
  • não extensão do aumento a benefícios;
  • redução do adicional por trabalho em domingos e feriados de 200% (ou duas folgas) para 100% e apenas uma folga.

A empresa ofereceu reajuste de 5,13% a ser aplicado somente em abril de 2026. “Ficaríamos seis meses sem receber nada e depois mais cinco meses sem qualquer recomposição”, disse o presidente do Sintect-RJ, Marcos Santaguida. Ele também criticou a retirada do “Vale Extra” e lembrou que a reposição integral do INPC a partir de agosto de 2026 “é um direito garantido pela jurisprudência do TST”.

Mobilização nacional

A rejeição no Rio de Janeiro ocorre em meio a um movimento nacional. No dia 16 de dezembro, assembleias em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina, Mato Grosso, Paraíba e São Paulo autorizaram greve geral por tempo indeterminado. As reivindicações incluem recomposição inflacionária, manutenção do benefício de fim de ano (“vale-peru”, estimado em R$ 2.500) e preservação de direitos previstos no ACT vigente.

Situação financeira da estatal

Os Correios atravessam uma crise de liquidez. Até setembro de 2025, o prejuízo acumulado somava R$ 6,1 bilhões, e a direção projeta encerrar o ano com rombo de R$ 10 bilhões. A folha de pagamento, que inclui gratificações como adicional de 70% nas férias e remuneração de 200% em dias de descanso ou feriado, consome cerca de R$ 15,1 bilhões anuais.

A empresa também estuda um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para desligar aproximadamente 10 mil trabalhadores em 2026 e outros 5 mil em 2027.

Com a recusa da proposta no Rio, o impasse deve ser decidido pelo TST no julgamento do dissídio coletivo.

Com informações de Gazeta do Povo