O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou pela primeira vez, na terça-feira (23), os detalhes do plano de paz de 20 pontos elaborado em conjunto com os Estados Unidos para encerrar a guerra com a Rússia. Em conversa com jornalistas, o líder ucraniano confirmou que emissários da Casa Branca já entregaram o documento a um representante do Kremlin e disse esperar novos contatos entre Washington e Moscou “ainda hoje”. Segundo Zelensky, a próxima rodada pode ocorrer já nesta quarta-feira (24) e incluir o presidente russo, Vladimir Putin.
O texto prevê um pacto de não agressão supervisionado por missão internacional, garantias de segurança equivalentes ao Artigo 5 da Otan e um Exército ucraniano limitado a 800 mil militares em tempos de paz. A questão territorial continua aberta, com duas alternativas: congelar a linha de frente atual — opção preferida por Kiev — ou transformar parte da região de Donetsk, ainda controlada pela Ucrânia e reivindicada por Moscou, em zona econômica especial administrada por Kiev e protegida por tropas internacionais, mediante referendo.
Zelensky ressaltou que o plano não trata da adesão da Ucrânia à Otan, tema que, segundo ele, depende dos próprios membros da Aliança e “não é viável no momento”.
Os 20 pontos do plano de paz
Ponto 1: reconhecimento da Ucrânia como Estado soberano por todos os signatários.
Ponto 2: compromisso irrevogável de não agressão entre Rússia e Ucrânia, com mecanismo de monitoramento.
Ponto 3: garantias de segurança robustas para Kiev.
Ponto 4: limite de 800 000 efetivos para as Forças Armadas ucranianas em tempos de paz.
Ponto 5: compromisso de EUA, Otan e aliados europeus de oferecer defesa equivalente ao Artigo 5.
Ponto 6: Rússia formaliza política de não agressão à Europa e à Ucrânia, ratificada pela Duma.
Ponto 7: futura adesão da Ucrânia à União Europeia, com acesso antecipado ao mercado único.
Ponto 8: pacote de recuperação econômica definido em acordo separado de investimentos.
Ponto 9: criação de fundos para reconstrução, visando arrecadar € 678 bilhões.
Ponto 10: aceleração das negociações para um acordo de livre-comércio entre Ucrânia e EUA.
Ponto 11: manutenção do compromisso ucraniano de não desenvolver armas nucleares.
Ponto 12: gestão conjunta da usina nuclear de Zaporizhzhya por Ucrânia, EUA e Rússia.
Ponto 13: programas bilaterais para combater preconceitos e proteger línguas minoritárias.
Ponto 14: duas opções territoriais: congelar a linha de frente ou criar zona econômica especial em Donetsk, a ser ratificada por referendo.
Ponto 15: proibição de uso da força para alterar fronteiras acordadas.
Ponto 16: garantia russa de livre uso ucraniano do rio Dnipro e do Mar Negro para comércio.
Ponto 17: criação de comissão humanitária para troca de prisioneiros e retorno de civis, incluindo menores deportados.
Ponto 18: realização de eleições ucranianas assim que o acordo for assinado.
Ponto 19: conselho de paz, presidido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, supervisionará a implementação.
Ponto 20: cessar-fogo imediato após a aceitação do acordo por todas as partes.
O presidente ucraniano afirmou que, caso se opte pela zona econômica especial em Donetsk, um acordo separado entre Ucrânia, EUA e Rússia definirá o status da área e o cronograma de retirada de tropas. Zelensky também alertou para a necessidade de presença internacional que impeça o ingresso de “pessoal militar russo disfarçado de civis”.
O plano, registrado pela agência estatal Ukrinform na quarta-feira (24), ainda aguarda resposta formal do Kremlin.
Com informações de Gazeta do Povo