São Paulo — As ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4) recuaram 2,39% nesta segunda-feira (22) e encerraram o pregão da B3 a R$ 11,44, depois de atingirem mínima de R$ 11,26. A queda eliminou cerca de R$ 154 milhões do valor de mercado da companhia em um único dia, movimento atribuído por investidores à repercussão negativa da nova campanha publicitária da Havaianas.
No vídeo, a atriz Fernanda Torres ironiza a expressão “pé direito” e deseja que os consumidores entrem no Ano-Novo “com os dois pés na porta, na estrada, na jaca, onde você quiser”. Parlamentares e influenciadores de direita interpretaram a mensagem como um posicionamento ideológico e passaram a convocar boicote à marca.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que começará o ano “com o pé direito” e “não será de Havaianas”, antes de descartar um par do calçado. Nikolas Ferreira (PL-MG) adaptou o slogan da empresa para “nem todo mundo agora vai usar”, enquanto Bia Kicis (PL-DF) declarou que “se as Havaianas não nos querem, nós também não queremos as Havaianas”.
Do lado oposto, parlamentares de esquerda reagiram às críticas. Duda Salabert (PDT-MG) classificou o boicote como “ataque burro” e afirmou que quem pode sair prejudicado é o trabalhador. Erika Hilton (PSOL-SP) ironizou o que chamou de “bolsonaristas cancelando a Havaianas”.
A Alpargatas não se pronunciou sobre a eventual intenção política da campanha até a publicação desta reportagem.
Desempenho da marca
A Havaianas segue como principal fonte de receita da Alpargatas. Entre janeiro e setembro de 2025, foram vendidos 162,1 milhões de pares em todo o mundo, sendo 144,6 milhões no Brasil — cerca de 77% do mercado nacional. O volume gerou aproximadamente R$ 3,3 bilhões em receitas nos três primeiros trimestres do ano. Fora do país, a Europa foi o maior mercado, com alta de 6% nas vendas, enquanto os Estados Unidos registraram crescimento de 4%.
Com informações de Gazeta do Povo