Home / Política / Moraes pressionou presidente do BC para liberar venda do Banco Master ao BRB, apontam relatos

Moraes pressionou presidente do BC para liberar venda do Banco Master ao BRB, apontam relatos

ocrente 1766441120
Spread the love

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes manteve ao menos quatro contatos – três telefonemas e um encontro presencial – com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para pleitear a aprovação da compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB). A investida ocorreu entre março e novembro, período em que a autarquia já apurava suspeitas de fraudes que somam R$ 12,2 bilhões na instituição privada.

As informações foram divulgadas inicialmente pelo jornal O Globo e confirmadas pela Gazeta do Povo. Fontes ligadas a tribunais superiores relatam que Moraes chegou a comentar simpatia pelo controlador do Master, Daniel Vorcaro, preso em novembro junto com outros seis executivos no desdobramento da operação conduzida pela Polícia Federal.

Contrato milionário

A atuação do ministro coincidiu com um contrato de prestação de serviços firmado entre o Banco Master e o escritório Barci de Moraes Associados, da advogada Viviane Barci, esposa do magistrado. O acordo prevê pagamento mensal de R$ 3,6 milhões por três anos, totalizando cerca de R$ 130 milhões. A cláusula determinava representação do banco junto ao Banco Central, Receita Federal, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Congresso Nacional; segundo O Globo, nenhum desses órgãos registrou petições ou pedidos de audiência em nome do Master.

Fraudes apontadas pelo BC

No período em que foi procurado por Moraes, Galípolo informou ao ministro que técnicos do Banco Central haviam encontrado indícios de repasse fraudulento de R$ 12,2 bilhões em créditos do Master ao BRB, lastreados em títulos inexistentes ou irregulares. Diante do relato, Moraes teria admitido que a operação não poderia seguir se o esquema fosse confirmado.

Em 18 de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master, alegando deterioração financeira, crise de liquidez e descumprimento de normas prudenciais. A medida foi contestada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que solicitou explicações sobre a adoção de alternativa menos severa.

Escândalo e prisões

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontam que o Master fabricava carteiras de crédito sem lastro, registrava-as como ativos de boa qualidade e vendia parte desses títulos a outras instituições, inflando artificialmente seu patrimônio. A prática envolveu a colocação de CDBs com juros acima da média para atrair pequenos investidores, que se sentiam protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos.

O negócio com o BRB, anunciado no primeiro semestre como saída para evitar a quebra, recebeu aval concorrencial do Cade, mas esbarrou na área técnica do Banco Central. Com a liquidação, o Master tornou-se um dos maiores escândalos recentes do sistema financeiro privado brasileiro.

Procurados pela reportagem, STF, Banco Central e o escritório Barci de Moraes Associados não se manifestaram até o fechamento desta matéria. Na semana passada, Galípolo declarou estar à disposição do Supremo para detalhar as irregularidades identificadas.

Com informações de Gazeta do Povo