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Sem poder de fogo, Kremlin deve ficar à distância caso EUA avancem sobre Maduro

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Parceiros de longa data, Nicolás Maduro e Vladimir Putin conversaram por telefone na semana passada. De acordo com o Kremlin, o presidente russo reafirmou apoio à “proteção dos interesses nacionais e da soberania” venezuelana diante da crescente pressão externa.

A menção diz respeito à operação antinarcóticos que os Estados Unidos mantêm no Mar do Caribe. O presidente americano, Donald Trump, anunciou que a iniciativa será ampliada “em breve” com ações terrestres e declarou que “os dias de Maduro estão contados”.

Pedidos em busca de socorro

Em outubro, o jornal The Washington Post noticiou que Maduro enviou cartas a Rússia e China pedindo apoio militar diante do aumento da presença norte-americana no Caribe. Entre as solicitações estavam mísseis, radares e assistência técnica para aeronaves venezuelanas. Até o momento não há confirmação independente de que esses pedidos tenham sido atendidos.

No mesmo mês, Putin ratificou o Tratado de Associação Estratégica com Caracas, que prevê cooperação em segurança e no combate ao terrorismo e ao extremismo. Mesmo assim, analistas afirmam que a ajuda efetiva dificilmente virá.

Aliados abandonados

Nos últimos dois anos, três parceiros de Moscou ficaram sem socorro militar russo. No fim de 2024, o sírio Bashar al-Assad deixou o país às pressas quando rebeldes puseram fim ao seu regime; em 2023, a Armênia não recebeu proteção diante do avanço do Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh; e em junho deste ano o Irã ficou isolado durante 12 dias de ataques israelenses e norte-americanos a instalações militares e nucleares.

Recursos presos na guerra da Ucrânia

Especialistas apontam que a capacidade de Moscou de apoiar parceiros militaresmente foi reduzida pela guerra na Ucrânia. Na quarta-feira (17), o ministro da Defesa russo, Andrey Belousov, informou que 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país foi destinado à defesa em 2025, sendo 5,1% diretamente ligados ao conflito com Kiev.

“A Rússia simplesmente não tem mais meios ou compromisso para sustentar seus aliados, já que concentra esforços na guerra em grande escala contra a Ucrânia”, escreveu Kareem Rifai, pesquisador do American Enterprise Institute.

Rifai prevê que, em caso de crise aguda, Maduro não contará com apoio aéreo russo atravessando o Atlântico nem com o envio de tropas, como ocorreu durante a tensão política de 2019.

Risco de perder armamentos

A revista The Atlantic, em análise publicada em novembro, acrescenta que Putin pode temer que eventual material bélico enviado a Caracas acabe nas mãos de um novo governo, caso Maduro caia. O cálculo seria semelhante ao feito pelos aliados da Ucrânia nos primeiros dias da invasão russa em 2022, quando hesitaram em fornecer armas pesadas que poderiam ser capturadas por Moscou.

Com recursos limitados e receio de ver seu equipamento capturado, o Kremlin tende a oferecer apenas apoio retórico ao líder venezuelano, segundo observadores.

Com informações de Gazeta do Povo