Bruxelas — Milhares de agricultores vindos de diversos países europeus paralisaram o centro da capital belga nesta quinta-feira (18) ao levar centenas de tratores às proximidades das instituições da União Europeia. O grupo contesta a possibilidade de corte de subsídios da Política Agrícola Comum (PAC) e a conclusão do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que pode ser assinado no sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR).
Os manifestantes chegaram a Bruxelas na noite de quarta-feira e, logo nas primeiras horas da manhã, bloquearam as principais vias de acesso à cidade, provocando extensos engarrafamentos. Fogueiras foram acesas em diferentes pontos e cartazes apontavam o risco de “morte da agricultura” caso o tratado avance sem salvaguardas.
Protesto coincide com cúpula europeia
O ato ocorreu no mesmo dia em que chefes de Estado e de governo da UE se reuniram na capital belga para uma cúpula do bloco. Embora o acordo UE-Mercosul não constasse da agenda oficial, fontes europeias citadas pela Agência EFE indicaram que o tema poderia ser discutido à margem do encontro.
Para que o tratado avance, é necessário consenso entre os 27 Estados-membros — condição ainda não alcançada.
França, Hungria e Itália resistem
Ao chegar à reunião, o presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou que o texto “não pode ser assinado” sem as garantias exigidas por Paris. Ele defendeu adiar a assinatura para “proteger melhor” agricultores e produtores europeus.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, também rejeitou o acordo, classificando-o como “um tiro na perna” do campo europeu. Já a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou na véspera que considera “prematuro” concluir o tratado antes da definição de um pacote adicional de proteção ao setor agrícola.
Caso não haja consenso até sábado, a assinatura do documento poderá ser adiada, mantendo a incerteza sobre o futuro das negociações iniciadas ainda em 1999.
Com informações de Gazeta do Povo