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Tribunal iraniano impõe mais de 50 anos de prisão a cinco cristãos

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Teerã, Irã – Cinco cristãos foram condenados pelo Tribunal Revolucionário de Teerã a penas que, somadas, ultrapassam meio século de prisão. Os veredictos, assinados pelo juiz Abolqasem Salavati em 21 de outubro, só foram transmitidos aos réus no fim de novembro e início de dezembro, segundo o grupo de direitos humanos Article 18.

Quem são os condenados

Entre os sentenciados está Aida Najaflou, 44 anos, convertida ao cristianismo que fraturou a coluna após cair de um beliche na prisão de Evin. Ela recebeu:

  • 10 anos de reclusão com base no Artigo 500 reformulado do Código Penal iraniano, que trata de “crimes contra a segurança”;
  • 5 anos por “reunião e conluio”;
  • 2 anos por “propaganda” em redes sociais.

De acordo com a legislação iraniana sobre penas cumulativas, Najaflou deverá cumprir o período máximo de 10 anos, mas grupos de direitos humanos alertam que sua condição de saúde é crítica e pode resultar em paralisia permanente se não houver tratamento adequado.

Os outros condenados são:

  • Joseph Shahbazian, pastor iraniano-armênio;
  • Nasser Navard Gol-Tapeh, convertido ao cristianismo;
  • Lida Shahbazian, esposa de Joseph;
  • Uma mulher cuja identidade não foi divulgada.

Exceto Lida, que recebeu oito anos, todos foram sentenciados a 10 anos de prisão pelo Artigo 500. Dois deles, incluindo Najaflou, receberam mais cinco anos por conspiração.

Histórico de prisões e fianças

Shahbazian, Najaflou e Gol-Tapeh permaneceram detidos por sete meses antes de comparecer ao tribunal. O Article 18 aponta irregularidades como ausência de fiança estipulada para Shahbazian e valores considerados impagáveis para os demais – US$ 130 mil para Najaflou e quase US$ 250 mil para Gol-Tapeh.

Gol-Tapeh já havia cumprido quase cinco anos até ser indultado em outubro de 2022. Shahbazian foi libertado em setembro de 2023, após cerca de um ano de prisão, mas ambos foram detidos novamente em fevereiro deste ano. Gol-Tapeh chegou a sofrer um acidente vascular cerebral depois de iniciar greve de fome em protesto contra a nova detenção.

Acusações ligadas à atividade religiosa

Segundo a denúncia, os réus participavam de igrejas domésticas e distribuíam Bíblias em persa. O promotor classificou o protestantismo como “cristianismo sionista” e alegou que organizações cristãs no exterior atuam como agentes de inteligência estrangeira, argumento criticado pelo Article 18 por falta de provas.

O processo menciona ainda um discurso do líder supremo Ali Khamenei, de 2010, que descrevia a expansão de igrejas domésticas como ameaça ao país, usado pelo Ministério da Inteligência para embasar a acusação.

Estado de saúde e próximos passos

A advogada de Najaflou informou em 7 de dezembro, na rede X, que teme danos irreversíveis na medula espinhal da cliente. Já Gol-Tapeh e Shahbazian enfrentam sequelas de problemas de saúde anteriores. Todos devem recorrer das sentenças.

Durante as investigações, agentes confiscaram livros, Bíblias e material cristão para “análise” do Ministério da Inteligência. O julgamento foi marcado por queixas de violação ao devido processo legal, incluindo detenções prolongadas e exigências de fianças consideradas abusivas.

O Irã ocupa o nono lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, da organização Portas Abertas, que aponta o país como um dos que apresentam maior hostilidade à prática cristã.

Com informações de Folha Gospel