Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avisou que o Brasil pode deixar de vez a negociação entre Mercosul e União Europeia caso o bloco europeu não aprove o texto a tempo da cerimônia marcada para sábado, 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR).
Em reunião ministerial realizada nesta quarta-feira, 17, Lula disse ter sido informado de que o Conselho Europeu enfrenta resistência para autorizar a assinatura. França e Itália lideram a oposição, segundo o presidente, o que inviabilizaria o aval necessário.
“Se não assinarem agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu estiver na Presidência”, declarou. As negociações começaram há 26 anos e, para Lula, não cabem novos adiamentos.
Minoria de bloqueio
A adesão da Itália ao grupo contrário, somada à França, atinge o percentual mínimo de 35% da população da UE exigido para formar uma “minoria de bloqueio”. Polônia e Hungria também já manifestaram objeção, aumentando a incerteza sobre a aprovação.
Alerta no Parlamento Europeu
No início da semana, o presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Bernd Lange, advertiu que o acordo “estará morto” se não for concluído dentro do prazo.
Parte comercial em discussão
O Conselho Europeu analisa, neste momento, apenas o capítulo comercial do tratado — separado dos demais itens justamente para evitar votação nos 27 parlamentos nacionais.
O acordo pretende criar uma zona de livre-comércio entre blocos que, juntos, reúnem cerca de 722 milhões de habitantes e é visto pelo governo brasileiro como fundamental para ampliar exportações e acesso a mercados.
Lula viajará a Foz do Iguaçu esperando sinal verde. Caso contrário, segundo ele, haverá “consequências políticas” porque, nas suas palavras, o Brasil “já cedeu tudo o que a diplomacia poderia ceder”.
Com informações de Gazeta do Povo