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CPMI do INSS se divide sobre citação de Lulinha em esquema atribuído ao “Careca do INSS”

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Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes bilionárias em descontos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS transformou-se em novo foco de disputa política ao envolver o nome de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O que motivou o impasse

Na terça-feira, 16 de dezembro de 2025, deputados da oposição acusaram parlamentares governistas de proteger Lulinha após a rejeição, por 19 votos a 12, de um requerimento apresentado pelo Novo para convocá-lo à comissão. O pedido baseava-se em depoimentos encaminhados pela Polícia Federal (PF) que citam supostos repasses mensais de cerca de R$ 300 mil a Lulinha, atribuindo a intermediação a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como principal operador do esquema e preso desde setembro.

Os relatos fazem parte de mil páginas de documentos entregues à PF pelo ex-funcionário de Antunes, Edson Claro, mas permanecem sob sigilo. Segundo fontes ligadas à investigação, o total desviado poderia chegar a R$ 25 milhões.

Viagens e mensagens

A oposição também menciona reportagem do portal Metrópoles que aponta viagem de Lulinha e Antunes no mesmo voo entre Guarulhos e Lisboa, em novembro de 2024. Conversas de WhatsApp reunidas pela PF trariam referências recorrentes a “nosso amigo”, supostamente em alusão ao filho do presidente, e demonstrariam receio de exposição pública em negócios ligados ao setor de cannabis.

Posicionamentos

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) classificou as acusações como “denúncias sem provas”. Já Luiz Lima (Novo-RJ) e Zé Trovão (PL-SC) prometem insistir na convocação de Lulinha em 2026. O senador Sergio Moro (União-PR) defende o depoimento de Claro e do próprio Lulinha, enquanto Marcel van Hattem (Novo-RS) chamou de “vergonhosa” a decisão que barrou a convocação.

Divisão na Polícia Federal

Integrantes da PF divergem sobre a necessidade de avançar nas apurações envolvendo Lulinha: uma ala pede aprofundamento rápido; outra considera frágeis os indícios. Até o momento, Lulinha não é formalmente investigado e não figura entre os alvos de mandados.

Outros nomes citados

Documentos analisados pela CPMI apontam ligações entre investigados e a empresária Roberta Moreira Luchsinger, que manteve tratativas com Antunes sobre negócios de canabidiol e aparece em viagens ao lado de Lulinha em 2024 e 2025. A empresária nega envolvimento em fraudes e diz que as conversas não prosperaram.

Defesa de Lulinha

Ex-advogado de Lulinha, Marco Aurélio Carvalho classificou as suspeitas como “pirotécnicas e improváveis”. Em nota enviada em outubro, quando ainda integrava a defesa, o advogado Marco Moreira de Carvalho afirmou que o cliente “não tem relação direta ou indireta com os fatos apurados”, atribuindo as citações a campanhas de “ódio e mentiras”. A reportagem tentou novo contato com Lulinha e seus representantes nas últimas semanas, sem retorno.

Pontos ainda sem resposta

Parlamentares da oposição querem clareza sobre:

  • a natureza da relação entre Lulinha e Antunes;
  • eventuais repasses de recursos e valores envolvidos;
  • uso de empresas ligadas ao filho do presidente no esquema;
  • motivo das viagens conjuntas ao exterior;
  • existência de sociedade formal entre os dois.

Grande parte da documentação permanece sob sigilo fiscal e bancário. A Polícia Federal não comenta investigações em curso.

Por ora, a CPMI segue dividida, e a convocação de Lulinha deve voltar à pauta no próximo ano legislativo.

Com informações de Gazeta do Povo