13/12/2025 – Em uma operação relâmpago no Caribe, militares dos Estados Unidos apreenderam o petroleiro Skipper, embarcação que usava bandeira falsa da Guiana para levar petróleo venezuelano à Ásia.
O confisco, realizado por tropas que chegaram de helicóptero ao convés do navio, sinaliza que Washington está disposto a cortar o fluxo de dólares que mantém o governo de Nicolás Maduro. A Casa Branca não anunciou guerra nem disparou tiros, mas mostrou ter capacidade de interceptar quantos cargueiros desejar.
Frota paralela sob pressão
O Skipper integra uma frota semiclandestina de mais de 1.400 navios envelhecidos usados por países sob sanções, como Rússia, Irã e Venezuela. Desse total, mais de 900 já foram sancionados por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido. Para burlar fiscalização, operadores trocam nomes das embarcações, adotam bandeiras de conveniência, desligam transponders e navegam sem seguros adequados.
No dia da apreensão, mais de 30 navios sob sanção aguardavam na costa venezuelana para carregar petróleo. É nessas vendas irregulares que Caracas ainda encontra divisas para pagar contas internas e importações essenciais.
Dependência do petróleo
O petróleo responde por quase 90% das exportações venezuelanas. Segundo dados oficiais, 80% da produção segue para a China, 3% para Cuba — a preços subsidiados — e 17% chega aos Estados Unidos por meio da Chevron.
Antes da chegada de Hugo Chávez ao poder, em 1998, a Venezuela extraía 3,4 milhões de barris por dia. Após nacionalizações e expulsão de empresas estrangeiras, a produção desabou para 400 mil barris diários em 2020. Hoje gira em torno de 1 milhão de barris, volume sustentado, em grande parte, pela parceria com a Chevron.
Efeito dominó das sanções
Por causa das restrições internacionais, o petróleo venezuelano já é vendido com descontos. Com o risco de confisco de navios, compradores exigem abatimentos ainda maiores ou se recusam a pagar antecipado. Sem esse fluxo de caixa, o governo enfrenta dificuldades para remunerar tropas, manter o aparato estatal e importar alimentos.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump afirmou que o Skipper não será o último navio apreendido. Se a ofensiva continuar, o ingresso de dólares em Caracas pode despencar.
“Don’t Worry, Be Happy”
Apesar da pressão, Maduro tenta transmitir normalidade. Em comícios e programas de TV, canta “Don’t Worry, Be Happy”, de Bobby McFerrin, e convida o público – inclusive norte-americanos – a entoar o refrão. Sobre ele pesa recompensa de US$ 50 milhões oferecida por Washington.
A operação no Caribe colocou em xeque os mecanismos que mantêm as finanças do regime. Novas apreensões podem aprofundar o isolamento econômico e testar a resiliência do líder venezuelano.
Com informações de Gazeta do Povo