A tensão entre Japão e China ganhou novos capítulos nesta semana. O ministro da Defesa japonês, Shinjiro Koizumi, confirmou nesta domingo (7.dez.2025) que caças chineses acionaram de forma intermitente seus radares contra aeronaves de combate japonesas ao sudeste de Okinawa, em área classificada por Tóquio como águas internacionais.
Koizumi relatou dois incidentes separados, nos quais o ato foi interpretado como simulação de ataque. Embora nenhum piloto ou aeronave tenha sofrido danos, o ministro descreveu o uso do radar — recurso empregado tanto para localização quanto para guiagem de mísseis — como “extremamente grave”. Segundo autoridades do Ministério da Defesa, se a intenção fosse apenas acompanhar a posição dos aviões, não haveria necessidade de acionar o radar repetidamente, o que reforça o caráter provocativo da manobra.
Protesto formal e promessa de resposta “com calma”
O governo japonês apresentou protesto formal a Pequim. Em declaração pública, Koizumi afirmou que o país responderá “com determinação e calma” para preservar a paz e a estabilidade regional.
Apoio da Austrália e reforço na cooperação militar
Em visita a Tóquio, o ministro da Defesa australiano, Richard Marles, classificou o episódio como “extremamente preocupante”. Ambos os ministros concordaram em aprofundar a cooperação de defesa, entendimento que inclui a aquisição de 11 fragatas japonesas pela Austrália.
Réplicas de Pequim
A China rejeitou as acusações. O capitão Wang Xuemeng, porta-voz da Marinha do Exército de Libertação Popular, pediu que o Japão “pare de difamar” Pequim e controle suas operações próximas ao porta-aviões Liaoning, cujos caças, segundo ele, realizavam “treinamentos normais” em área previamente detalhada pelas autoridades chinesas. Wang acusou aeronaves japonesas de aproximarem-se “de forma hostil” da zona de exercícios e advertiu que a China adotará “medidas necessárias” para proteger seus direitos e interesses.
Contexto: Taiwan no centro do confronto
O incidente ocorre após a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmar no mês passado que um eventual ataque chinês a Taiwan poderia justificar a intervenção das Forças de Autodefesa do Japão. Pequim reagiu com pressão econômica e cultural, incluindo alertas de viagem, proibição de importar frutos do mar japoneses e suspensão de licenças para filmes e espetáculos do país vizinho.
Paralelamente, a China realizou simulações de ataques a navios estrangeiros no Estreito de Taiwan, enquanto Taipei relata aumento de manobras aéreas chinesas na região, rota marítima estratégica e um dos pontos mais movimentados do planeta.
Com informações de Gazeta do Povo