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Da liquidação do Banco Master aos escândalos do passado: o ciclo de quebras bancárias no Brasil

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A decisão do Banco Central de liquidar o Banco Master, anunciada recentemente após a descoberta de fraudes na emissão de títulos, reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade do sistema financeiro brasileiro. O colapso, que atinge R$ 86,4 bilhões em ativos e afeta mais de 12 milhões de clientes, repete um roteiro conhecido de má gestão, manipulação de balanços e socorro público.

Fraudes, gestão temerária e intervenção estatal

Em diversos episódios, as causas são semelhantes: concessão de crédito sem critério, empréstimos a empresas ligadas aos controladores, balanços maquiados para ocultar prejuízos e fiscalização insuficiente. Quando a crise se instala, o Banco Central intervém ou decreta a liquidação. O prejuízo, por sua vez, é coberto pelo Estado e pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um seguro para correntistas.

O impacto do Plano Real nas quebras

Até 1994, a hiperinflação criada antes do Plano Real permitia que instituições lucrassem com correções monetárias, mascarando ineficiências. Com a estabilização da moeda, essa fonte de receitas desapareceu e as fraudes ficaram expostas, especialmente em bancos que concediam empréstimos a empresas dos próprios controladores ou que serviam de “caixa” para governos estaduais.

Mecanismos de socorro: Proer e FGC

Para evitar colapso sistêmico, o governo criou em 1995 o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). Já o FGC devolve aos depositantes valores até R$ 250 mil por CPF quando uma instituição quebra, sendo financiado pelas próprias instituições financeiras.

Quebras que marcaram a história

Entre os casos mais lembrados estão o Bamerindus, liquidado em 1997 e vendido ao HSBC; o Banco Santos, cuja coleção de arte foi leiloada em 2004 para pagar credores; e o PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, que recebeu aporte bilionário do FGC em 2010 antes de ser vendido e transformado no Banco PAN.

Por que o caso Master é diferente

Trata-se da maior liquidação em volume de recursos desde a década de 1990. A emissão de títulos sem lastro expôs os riscos de um crescimento agressivo baseado em promessas de alta rentabilidade, levantando questionamentos sobre os limites da regulação vigente.

Embora os nomes mudem ao longo dos anos, o enredo de fraudes, supervisão falha e intervenção estatal continua se repetindo, deixando a conta final para o setor público e para o FGC.

Com informações de Gazeta do Povo