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Pressão dos EUA sobre Maduro ameaça agravar crise do regime cubano

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Por meses, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão contra o governo de Nicolás Maduro com um destacamento militar inédito no Caribe e sanções que aprofundam o colapso econômico venezuelano. A ofensiva, porém, alcança outro alvo estratégico de Washington: o regime de Miguel Díaz-Canel, em Cuba.

Crise em Havana e temor de desabastecimento

A ilha enfrenta forte contração econômica, inflação elevada e grave escassez de alimentos, remédios e combustíveis, enquanto lida com surtos de dengue e chikungunya e a deterioração dos serviços de saúde, educação e energia. O quadro se agravou após uma queda de energia, nesta semana, que deixou cerca de 3,5 milhões de cubanos sem luz.

Reação cubana

No dia 25 de novembro, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, acusou Washington de violar o direito internacional com “ameaça agressiva” à Venezuela e advertiu que a derrubada de Maduro seria “extremamente perigosa”. Um mês antes, o ex-ditador Raúl Castro, 94 anos, reapareceu em reunião extraordinária do Conselho de Defesa Nacional, evidenciando preocupação no alto escalão de Havana.

Petróleo venezuelano em queda livre

O elo vital entre Caracas e Havana é o fornecimento de petróleo. Os embarques venezuelanos caíram de 56 mil barris por dia em 2023 para menos de 10 mil em junho de 2025. Rússia e México ofertaram petróleo subsidiado, mas a ajuda é considerada insuficiente.

Estratégia de Washington

O secretário de Estado, Marco Rubio, defensor de linha dura contra o regime cubano, afirmou ao programa “60 Minutes”, da CBS, que cortar o fluxo de petróleo após a saída de Maduro significaria “o fim de Cuba”. Documento militar divulgado nesta sexta-feira aponta plano de “reorganização” das forças norte-americanas para priorizar ameaças no Hemisfério Ocidental.

Análises sobre impacto em Cuba

Para o economista e doutor em Relações Internacionais Igor Lucena, a eventual queda de Maduro não derrubaria de imediato o governo cubano, mas o deixaria “mais fragilizado”. Ele avalia que Havana carece de recursos que motivem ação militar direta dos EUA. Já o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho considera prematuro prever expansão da Operação Lança do Sul, embora veja possibilidade de sanções severas a Cuba e maior pressão sobre a Colômbia do presidente Gustavo Petro.

Cooperação militar e risco de isolamento

Em troca do petróleo, Havana mantém profissionais de saúde e militares de inteligência na Venezuela. Segundo o The New York Times, desde setembro Maduro reforçou sua segurança com guarda-costas cubanos e designou mais oficiais de contraespionagem da ilha. Analistas acreditam que, se Caracas deixar de socorrer Havana, o regime de Díaz-Canel perderá um dos últimos pilares de sustentação.

Com a crise energética sem solução à vista e a possibilidade de bloqueio completo do petróleo venezuelano, Cuba observa a escalada militar no Caribe temendo que a queda do aliado chavista aprofunde ainda mais seu próprio isolamento.

Com informações de Gazeta do Povo