Caminhoneiros de diferentes estados convocaram, pelas redes sociais e aplicativos de mensagem, uma greve em todo o país a partir desta quinta-feira (4). O ato é coordenado por Franco Dal Maro, o “Chicão Caminhoneiro”, da União Nacional dos Caminhoneiros, mas não conta com adesão unânime entre as entidades que representam a categoria.
Reivindicações apresentadas ao Planalto
Na terça-feira (2), Dal Maro esteve em Brasília e protocolou na Presidência da República um documento com a pauta do movimento. Entre os principais pontos, estão:
- estabilidade contratual com critérios objetivos para contratação e recusa de fretes;
- revisão do marco regulatório do transporte de cargas;
- regularização administrativa de caminhoneiros que participaram de mobilizações anteriores;
- atualização do piso mínimo do frete, com foco nos veículos de nove eixos;
- congelamento das dívidas da categoria por 12 meses e possibilidade de refinanciamento em até 120 meses;
- aposentadoria especial após 25 anos de contribuição comprovada;
- linha de crédito de até R$ 200 mil, inclusive para profissionais negativados;
- isenção de IPI para renovação de frota;
- ampliação de pontos de parada e descanso previstos na Lei 13.103/2015;
- suspensão temporária da Lei do Descanso até que haja infraestrutura adequada;
- criação de uma Justiça do Transporte;
- destinação de 30% das cargas de estatais a motoristas autônomos.
O protocolo foi acompanhado pelo desembargador aposentado Sebastião Coelho, pré-candidato ao Senado pelo Distrito Federal pelo partido Novo. Ele declarou apoio jurídico ao movimento e, em vídeos publicados anteriormente, defendeu paralisação em favor de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Chicão, porém, afirma que a greve não tem cunho partidário e orienta que não haja bloqueio ao direito de ir e vir.
Divergência dentro da categoria
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne nove federações e 104 sindicatos, informou não ter recebido qualquer comunicação formal sobre a paralisação. Wallace Landim, o “Chorão”, liderança que ganhou projeção na greve de 2018, também se posicionou contra a mobilização, argumentando que o movimento ganhou contornos políticos em defesa de Bolsonaro.
Lembrança da greve de 2018
A última grande paralisação de caminhoneiros, em 2018, durou dez dias e provocou desabastecimento de combustíveis e alimentos, além de prejuízos à indústria e ao agronegócio. Na ocasião, o governo Michel Temer concedeu subsídio ao diesel, alterou a política de preços da Petrobras e instituiu a tabela mínima de frete para encerrar o protesto.
Com a nova mobilização marcada para 4 de dezembro, parte da categoria espera pressionar o governo federal a negociar novamente, enquanto outra parcela se mantém reticente quanto aos objetivos e à legitimidade da greve.
Com informações de Gazeta do Povo