O fechamento do Banco Master, decretado pelo Banco Central em 1º de dezembro de 2025, revelou uma complexa cadeia de influências políticas que alcança o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). A intervenção ocorreu após a Polícia Federal prender o controlador da instituição, Daniel Vorcaro, sob acusação de envolvimento em fraude bilionária com títulos falsos.
Intervenção e motivos
O Banco Central optou pela liquidação extrajudicial depois de identificar desequilíbrios contábeis considerados graves e um crescimento classificado como “atípico” pelo mercado. Entre os indícios apontados estão operações com CDBs de altos rendimentos e expansão veloz da carteira de crédito consignado.
Lobby em Brasília
Relatos de bastidores indicam que políticos de diferentes legendas atuaram para tentar preservar o banco. Aliados do Palácio do Planalto mencionam Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil) em articulações favoráveis à instituição. Parlamentares da oposição, por sua vez, ressaltam contratos de empréstimo consignado firmados com prefeituras e órgãos ligados ao PT da Bahia como exemplo de proximidade política.
Vínculos com ministros do STF
A crise respingou no Judiciário. Após deixar a Corte, o hoje ministro da Justiça Ricardo Lewandowski passou a integrar um comitê consultivo do banco. Já o escritório de advocacia da esposa de Alexandre de Moraes foi contratado para defender a instituição. O processo principal sobre a fraude foi remetido ao STF e está sob relatoria do ministro Dias Toffoli, o que provocou questionamentos de especialistas sobre eventuais conflitos de interesse.
Sinais ignorados
Alertas sobre o Banco Master começaram em 2022, quando a instituição passou a captar volumes elevados oferecendo CDBs com rentabilidade acima da média. Em 2024, o Banco Central impediu a venda do Master ao Banco de Brasília (BRB) após identificar problemas contábeis, reforçando as suspeitas sobre a saúde financeira da companhia.
Debate sobre regulamentação do lobby
O episódio reacendeu a discussão sobre regras para a atividade de lobby no Brasil. Especialistas afirmam que a atuação do Master ocorreu em uma “zona cinzenta” de influência, beneficiada pela falta de transparência em agendas de autoridades públicas.
Com a liquidação decretada e o controlador preso, o futuro da investigação — agora no STF — é acompanhado de perto pelo mercado financeiro e por entidades que defendem maior controle sobre a relação entre políticos, magistrados e agentes privados.
Com informações de Gazeta do Povo