Manágua, 27 nov. 2025 – A Direção da Assembleia Nacional da Nicarágua empossou nesta quinta-feira (27) cinco novos magistrados da Suprema Corte de Justiça, todos indicados pelo presidente Daniel Ortega. Três dos nomeados – Ana Julia Guido, Octavio Rothschuh e Ernesto Rodríguez – são alvos de sanções dos Estados Unidos por participação em ações de repressão contra opositores.
Quem são os novos ministros
Foram oficializados nos cargos:
- Ana Julia Guido – ex-procuradora-geral, ex-vice-diretora da Polícia Nacional e ex-guerrilheira sandinista. Segundo Washington, ela permitiu e se beneficiou de operações de repressão e criou uma unidade que fabrica acusações contra manifestantes.
- Octavio Rothschuh – juiz do Tribunal de Apelações, responsável por sentenças que retiraram a cidadania de centenas de dissidentes.
- Ernesto Rodríguez – colega de Rothschuh no Tribunal de Apelações e igualmente envolvido nos processos de retirada de cidadania.
- Bonilyn Welcome Crawford – juíza de Bluefields, na Região Autônoma do Caribe Sul.
- José Manuel Fuertes Toledo – advogado e ex-secretário político da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) no departamento de Boaco.
Guido, Rothschuh e Rodríguez integram ainda a lista de 54 pessoas responsabilizadas pela ONU por violações de direitos humanos desde 2018, encabeçada por Ortega e pela vice-presidente Rosario Murillo.
Vagas abertas e composição reduzida
Os cinco magistrados substituem Yadira Centeno, Ellen Lewin, Armengol Cuadra, Virgilio Gurdián e Manuel Martínez, que renunciaram na semana passada alegando idade avançada ou problemas de saúde. Após reforma constitucional aprovada em fevereiro, a Suprema Corte passou de 16 para 10 ministros.
Reformas concentram poder no Executivo
A mesma emenda à Constituição – duramente criticada por ONU, Organização dos Estados Americanos (OEA), Estados Unidos e Parlamento Europeu – concede a Ortega e a Murillo a prerrogativa de escolher o presidente da Suprema Corte para mandato de seis anos, estende o período presidencial de cinco para seis anos, cria o cargo de “copresidente”, determina que o Executivo coordene os demais órgãos do Estado e legaliza a condição de apátrida para opositores.
Com as novas nomeações, o governo avança no objetivo de subordinar o Poder Judiciário ao Executivo, consolidando o controle sobre as principais instituições do país.
Com informações de Gazeta do Povo