A Direção Geral de Segurança Interna (DGSI) da França emitiu um relatório confidencial alertando para o crescimento da violência jihadista direcionada a comunidades cristãs no país. O documento, obtido pelo jornal Le Figaro, conecta ataques recentes na Europa a mais de duas décadas de propaganda extremista.
Alerta após ataque em Lyon
O aviso foi divulgado poucos dias depois do atentado de 10 de setembro, em Lyon, quando Ashur Sarnaya, cristão iraquiano que utiliza cadeira de rodas, foi esfaqueado. Investigadores consideram o caso exemplo da “obsessão persistente” de grupos radicais em atingir cristãos.
Narrativa construída ao longo de décadas
Segundo a DGSI, organizações jihadistas classificam cristãos como “infiéis” ou “idólatras”, recorrendo a imagens históricas das Cruzadas, da colonização europeia e de operações militares ocidentais para justificar ataques.
• 1998 – Osama bin Laden publicou uma fatwa convocando ações contra “judeus e cruzados”.
• Ayman al-Zawahiri reforçou a retórica, descrevendo um confronto global entre “cruzados” e muçulmanos.
• 2014 – O Estado Islâmico prometeu “quebrar cruzes” e “conquistar Roma”.
• 2015 – A revista francesa Dar al-Islam incentivou atentados a igrejas; a agência Thabat conclamou o uso de facas ou veículos em locais de culto cristão.
Violência registrada em diferentes regiões
O relatório relaciona a retórica extremista a ações concretas:
• Argélia (anos 1990) – 19 líderes religiosos mortos pelo Grupo Islâmico Armado.
• Paquistão (anos 2000) – Al-Qaeda atacou comunidades cristãs.
• Líbia (2015) – Estado Islâmico executou 21 cristãos coptas egípcios.
Europa sob pressão
O continente europeu também figura entre os alvos:
• 2016 – Atentado ao mercado de Natal de Berlim deixou 12 mortos.
• 2016 – Padre Jacques Hamel foi assassinado em Saint-Étienne-du-Rouvray.
• 2020 – Três pessoas morreram no ataque à basílica de Nice.
Números recentes de intolerância
Dados do Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra Cristãos na Europa (OIDAC) indicam aumento de incidentes:
• Alemanha registrou 337 ocorrências em 2024, incluindo 33 incêndios criminosos a igrejas.
• Na França, houve agressões a fiéis e ataques contra templos históricos, como o incêndio em Saint-Omer e o uso de gás lacrimogêneo em cultos adventistas em Dijon.
O relatório da DGSI conclui que a ameaça permanece elevada e requer atenção contínua das autoridades de segurança francesa.
Com informações de Folha Gospel
