Brasília — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025, que a oposição concentrará esforços nos próximos dias para aprovar o projeto de anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, medida que também alcançaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o parlamentar, apenas a anistia seria capaz de rever “punições absurdas” aplicadas a “pessoas inocentes”.
Em reunião com deputados e senadores do PL, realizada após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro no sábado (22), Flávio descartou apoio da legenda ao chamado projeto da dosimetria, que trata da redução das penas para os condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
“Não temos compromisso nenhum com a dosimetria; o nosso compromisso é com a anistia. Que vença quem tiver mais votos, sem a interferência de outros Poderes”, declarou o senador, acrescentando que a oposição não pretende repetir estratégias de obstrução no Congresso, como ocorreu em agosto.
Prisão e críticas ao STF
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado, mas a ordem de detenção emitida no fim de semana está vinculada a inquérito que apura a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
Moraes fundamentou a decisão na suposta tentativa de violação da tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente e na vigília convocada por Flávio em frente ao Complexo da Polícia Federal, em Brasília, que, segundo o ministro, poderia reacender mobilizações semelhantes às de 8 de janeiro. O senador minimizou o episódio da tornozeleira e acusou o magistrado de intolerância religiosa.
“Ele tem um poder sobrenatural de prever o futuro e errou de novo. Nunca houve intenção de tumulto”, disse Flávio, classificando a justificativa da prisão como “esdrúxula, covarde e inconstitucional”. O parlamentar afirmou que a vigília ocorreu pacificamente e se limitou a orações.
Vídeo da tornozeleira
Em gravação divulgada pelo STF, Jair Bolsonaro afirma ter usado um ferro de solda para retirar a tampa da tornozeleira “por curiosidade”. Flávio alegou que o pai estava sob efeito de medicamentos, o que explicaria a fala arrastada na filmagem, e citou laudo médico apresentado à Corte. Ele acusou Moraes de fazer “chacota” ao afirmar que a violação foi realizada “dolosa e conscientemente”.
Mais cedo, a Primeira Turma do STF manteve, por unanimidade, a decisão do relator e confirmou a prisão do ex-mandatário. “O Alexandre de Moraes virou um negacionista, está negando a ciência agora”, criticou o senador.
Com informações de Gazeta do Povo