Brasília, 23 nov. 2025 – A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste sábado (22) acelerou as tratativas entre dirigentes de União Brasil, PP, PSD e Republicanos para escolher o candidato que disputará o Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Detenção fortalece movimento por Tarcísio
Nos bastidores do grupo, o nome mais citado é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Lideranças empresariais e financeiras também pressionam para que ele deixe a disputa pela reeleição no estado e encabece a chapa nacional, vista como caminho para reaproximar o Brasil dos Estados Unidos após as sanções impostas por Washington.
Motivos da prisão
Bolsonaro foi detido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e levado à Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A decisão citou “garantia da ordem pública” diante de uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) perto do condomínio onde o ex-presidente morava, além da violação da tornozeleira eletrônica.
Resistência familiar e vice em disputa
Apesar do avanço das conversas, Bolsonaro insiste que um filho participe da chapa. Flávio é o favorito, já que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) enfrenta processo no STF por articular sanções contra Moraes junto ao governo americano e é associado à sobretaxa de 50% imposta pelo então presidente Donald Trump a produtos brasileiros.
Outros nomes que pleiteiam a vice-presidência são o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG).
Acesso limitado ao ex-presidente
Desde agosto, quando passou à prisão domiciliar, Bolsonaro já recebia visitas restritas por autorização judicial. Agora, na cela especial da PF, os encontros dependerão de prévia liberação de Moraes, o que dificulta a obtenção de sua “bênção” eleitoral. Aliados relatam apatia, episódios de soluços e dores ligados às sequelas da facada sofrida em 2018.
Anistia em pauta
Caciques do Centrão avaliam que o apoio explícito de Bolsonaro depende da promessa de anistia – medida que enfrentaria resistência no STF, sobretudo de Moraes, e exigiria articulação no Congresso e posterior sanção presidencial.
Aparelhamento e orçamento
Mesmo após União Brasil e PP anunciarem saída da base governista, ministros ligados às siglas – André Fufuca (Esportes) e Celso Sabino (Transportes) – optaram por permanecer no cargo e foram afastados das funções partidárias. Parlamentares do bloco mantêm influência sobre emendas bilionárias e sobre indicações em estatais, como as sustentadas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG).
Impacto no PL e temas de campanha
No PL, a ausência de Bolsonaro na estrada preocupa deputados e senadores eleitos na esteira de sua popularidade em 2022. Para tentar preservar o eleitorado, correligionários prometem lutar pela libertação do ex-presidente e defender o impeachment de Alexandre de Moraes, pautas que devem ganhar espaço principalmente nas disputas ao Senado.
A corrida para 2026, portanto, ganhou novo ritmo com a prisão do ex-chefe do Executivo, e o Centrão tenta chegar a um consenso antes do início oficial do calendário eleitoral.
Com informações de Gazeta do Povo