São Paulo – A defesa do banqueiro Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master e preso nesta semana na Operação Compliance Zero da Polícia Federal, negou neste sábado (22) qualquer irregularidade nos contratos que envolveram a venda de carteiras de crédito ao Banco Regional de Brasília (BRB) no valor de R$ 12 bilhões.
Em nota, o Master sustentou que a compra e venda de carteiras de terceiros é prática usual no sistema financeiro e afirmou que o Banco Central tinha conhecimento das transações desde 2024. As operações passaram a ser questionadas pelo BC, que apontou possível ausência de lastro, e culminaram na liquidação extrajudicial da instituição um dia após a prisão de Vorcaro, no momento em que se preparava para viajar aos Emirados Árabes Unidos.
Documentação e garantias contratuais
Segundo o banco, agentes independentes eram responsáveis por reunir documentos, checar dados de empréstimos consignados e comprovar a regularidade dos créditos junto a órgãos públicos e pagadores. As Cédulas de Crédito Bancário (CCB) já estariam emitidas, permitindo ao Master estruturar a carteira e cedê-la ao BRB com salvaguardas que previam substituição ou recompra de ativos não performados. Todas as cessões, acrescentou, foram registradas na B3.
A instituição informou ter tomado “medidas imediatas” ao constatar falhas em parte da documentação entregue por terceiros, substituindo parcelas problemáticas e iniciando processo de recompra do saldo remanescente para evitar prejuízo ao BRB.
Exposição reduzida
O BRB divulgou na sexta-feira (21) que mais de R$ 10 bilhões em títulos questionados já foram liquidados ou trocados, restando montante que não representaria exposição direta ao Master. De acordo com a defesa, ofício do Banco Central enviado à Polícia Federal confirma que 85,5 % dos créditos originados por terceiros foram substituídos pelo BRB, o que, na avaliação do banco, mitiga o suposto risco bilionário mencionado na investigação.
Venda interrompida e impacto em investidores
O Master declarou que medidas judiciais “injustas e desnecessárias” inviabilizaram a venda da instituição financeira por R$ 3 bilhões, operação que, segundo a nota, já estava protocolada no Banco Central. Fundos de pensão de servidores estaduais e municipais, incluindo o Rioprevidência (com aplicação de R$ 960 milhões), detêm títulos emitidos pelo banco.
Com informações de Gazeta do Povo