Parte das exportações brasileiras continua pagando a chamada “Tarifa Moraes”. Embora a Casa Branca tenha zerado, em 20 de novembro, a sobretaxa adicional de 40% para 249 itens do agronegócio, calçados, máquinas e equipamentos, pescados, mel e café solúvel permanecem com o encargo de 50% para entrar no mercado norte-americano.
O que mudou
Com a exclusão parcial da lista, 37,1% das vendas do Brasil aos Estados Unidos ficaram livres de sobretaxas, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Outros 32,7% continuam sujeitos à tarifa total de 50% (10% originais mais 40% adicionais).
Cronologia da tarifa
Abril de 2025 – Washington impôs tarifa global de 10% sobre diversos parceiros, incluindo o Brasil.
30 de junho – Foi anunciada a sobretaxa adicional de 40% exclusivamente para produtos brasileiros.
6 de agosto – A incidência do novo valor passou a valer, alcançando cerca de 80% do agronegócio nacional.
14 de novembro – A tarifa de 10% foi retirada, mas a de 40% permaneceu apenas para o Brasil.
20 de novembro – A sobretaxa de 40% foi zerada para 249 produtos agrícolas.
Motivos apontados pelos EUA
O governo norte-americano justificou a medida com base em “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional”, citando ações do Supremo Tribunal Federal brasileiro sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes. Entre as razões listadas estão prisões de críticos do governo, bloqueio de contas em redes sociais e suposta interferência em processos eleitorais.
Itens beneficiados
Entraram na lista de alívio carnes bovinas, café verde, frutas, óleos essenciais, cacau, açaí e madeira. Para esses produtos, a tarifa total caiu a zero, recuperando a competitividade frente a outros fornecedores internacionais.
O que continua taxado
Calçados, máquinas e equipamentos, mel, pescados e café solúvel seguem na relação tarifada. Máquinas representam o sexto item mais enviado aos Estados Unidos; de janeiro a setembro, as vendas recuaram 8,2%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). No mesmo período, apenas máquinas para construção civil cresceram (5,4%).
De janeiro a outubro, as exportações de calçados ficaram em US$ 188,2 milhões e já mostram tendência de queda, afetando polos como Ceará e Rio Grande do Sul.
Reação da indústria
Para a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a retirada parcial é positiva, mas não abrange bens de maior valor agregado. A entidade destaca que componentes aeronáuticos, peças automotivas, cabos, sensores e motores continuam sujeitos ao adicional de 40%.
Próximos passos
CNI e Amcham Brasil avaliam o recuo como sinal de retomada do diálogo comercial, mas defendem novas negociações para eliminar as sobretaxas restantes, especialmente sobre bens industriais. O setor exportador aguarda detalhes técnicos do governo norte-americano para ajustar contratos e logística.
Com informações de Gazeta do Povo