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Facção venezuelana Tren de Aragua já atua em nove países da América e chega à Europa, aponta relatório

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Brasília – Originalmente confinada à Penitenciária de Tocorón, na Venezuela, a organização criminosa Tren de Aragua transformou-se em rede transnacional e hoje mantém células em pelo menos nove países das Américas, além de presença identificada na Espanha. O mapeamento consta de relatório da organização InSight Crime publicado em 2023, documentos judiciais e investigações policiais.

Chile: núcleo mais estruturado fora da Venezuela

O estudo classifica o Chile como o principal centro de operações estrangeiras da facção. Criminosos atravessaram fronteiras por Arica e Tarapacá, estenderam-se a Santiago e Concepción e passaram a agir em sequestros, extorsões, tráfico sexual, homicídios e lavagem de dinheiro. A morte do militar venezuelano refugiado Ronald Ojeda Moreno, em 2024, trouxe o grupo ao centro do debate político; testemunhas ligaram o caso a Diosdado Cabello, dirigente do chavismo, e a integrantes do Tren de Aragua.

Brasil: entrada por Roraima e elo com o PCC

No Brasil, a atuação é descrita como fragmentada, porém crescente. Informes da Polícia Federal apontam células em Roraima, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro, focadas em extorsão da comunidade venezuelana, tráfico de pessoas, drogas e exploração sexual. Em abril de 2025, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, confirmou a presença da facção em presídios brasileiros. Especialistas relatam cooperação operacional com o Primeiro Comando da Capital (PCC), sobretudo no norte do país.

Equador: fase de expansão

Cidades equatorianas como Huaquillas, Guayaquil e Quito registram crescimento das células do grupo, que exploram rotas migratórias e serviços de apoio logístico para outras redes ilícitas. Ainda não há o nível de consolidação observado no Chile.

Peru e Colômbia: áreas tradicionais de atuação

No Peru, onde a facção controla parte do tráfico sexual em Lima, mais de mil integrantes e colaboradores foram presos desde 2022. Na Colômbia, ações concentram-se em Cúcuta, Bogotá e Arauca, com cobrança de pedágios clandestinos e confrontos pontuais contra grupos locais como o ELN e dissidências das Farc.

Estados Unidos e Espanha: operações identificadas

Autoridades norte-americanas detectaram ramificações do Tren de Aragua em Nova York, Texas, Colorado, Flórida e Illinois, dedicadas a extorsão e exploração sexual de migrantes. Na Europa, a polícia espanhola desmontou em 2025 a primeira célula do grupo no continente, com prisões em Barcelona, Madri e Málaga.

O governo dos Estados Unidos vincula o Tren de Aragua ao Cartel de los Soles, organização formada por militares e autoridades venezuelanas alinhadas ao regime de Nicolás Maduro. Em 2023, a intervenção da ditadura na prisão de Tocorón descentralizou a facção, dando autonomia às células no exterior e permitindo que elas financiem líderes foragidos.

Com informações de Gazeta do Povo