O presidente venezuelano Nicolás Maduro fez, nesta sexta-feira (15.nov.2025), um apelo aos “irmãos cristãos” dos Estados Unidos para que promovam a paz e rejeitem uma eventual intervenção militar norte-americana no país. O pedido foi apresentado durante um encontro de oração no Palácio de Miraflores, em Caracas.
“Lançamos nossa mensagem aos cristãos dos Estados Unidos e de toda a América para que levemos o estandarte da paz, da harmonia, do perdão e da misericórdia do Senhor”, declarou o líder chavista, acrescentando que deseja “sinos da paz, e não tambores da guerra”.
Ameaça percebida
A convocação ocorre no momento em que o governo de Donald Trump mantém navios de guerra no mar do Caribe. Caracas vê a movimentação como possível prelúdio de uma operação armada. Um dia antes, o Pentágono anunciou a operação “Lança do Sul”, apresentada como iniciativa de combate ao narcotráfico originado na América Latina, sem detalhes sobre alvos ou estratégias.
Mais cedo, durante o Encontro de Juristas em Defesa do Direito Internacional, também na capital venezuelana, Maduro pediu aos cidadãos norte-americanos que “detenham a mão enlouquecida de quem ordena bombardear, matar e levar guerra à América do Sul e ao Caribe”, sem citar nomes.
Discussões em Washington
No mesmo dia, Trump afirmou a jornalistas já ter tomado decisão sobre eventual ação militar contra a Venezuela, mas disse “ainda não poder revelar” qual seria. Segundo o jornal The Washington Post, o republicano se reuniu recentemente com o secretário de Guerra, Pete Hegseth, e outros oficiais do Departamento de Defesa para avaliar opções referentes ao país sul-americano.
Representantes religiosos presentes
O ato de oração em Miraflores contou com a presença de Nicolás Maduro Guerra, filho do presidente e vice-presidente de Assuntos Religiosos do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), além de líderes de diferentes denominações alinhadas ao regime.
Contraste com denúncias internas
O apelo internacional contrasta com acusações de repressão a grupos cristãos dentro da própria Venezuela. No mês passado, o Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos denunciou que militantes chavistas agrediram e intimidaram fiéis que participavam de uma missa em Caracas dedicada à libertação de detidos por motivos políticos.
A ONG Portas Abertas, que monitora liberdade religiosa, relata que autoridades venezuelanas costumam restringir críticas ao governo em templos. A entidade registrou casos de ameaças, acusações arbitrárias e tentativas de suborno contra pastores. Um líder religioso, que pediu anonimato, contou ter recusado benefícios oferecidos para apoiar o governo durante o último processo eleitoral; dias depois, a igreja teve a energia cortada.
Acusações semelhantes se intensificaram em 2024, ano em que a oposição denunciou fraude eleitoral. Segundo a Portas Abertas, vários líderes religiosos que rejeitaram apoio ao PSUV sofreram represálias, como cortes de infraestrutura e perseguição por grupos ligados ao governo.
Com informações de Gazeta do Povo