SANTIAGO – O advogado e ex-deputado José Antonio Kast, 59 anos, parte para o primeiro turno da eleição presidencial chilena, marcado para domingo (16), como o principal nome da direita e cotado pelas pesquisas para superar a candidata governista Jeannette Jara em um eventual segundo turno.
Kast concorre pelo Partido Republicano, legenda que fundou em 2019, e tenta chegar ao Palácio de La Moneda pela terceira vez. Em 2017, ficou em quarto lugar; em 2021, liderou o primeiro turno, mas foi derrotado no segundo pelo atual presidente, Gabriel Boric.
Trajetória política
Filho de imigrantes alemães, Kast formou-se em Direito e lecionou em universidade antes de ingressar na vida pública. Foi vereador em Buin e deputado federal por quatro mandatos consecutivos (2002-2018), período em que integrou a União Democrata Independente (UDI). Rompeu com o partido em 2016 e disputou a presidência como independente no ano seguinte.
Ele elogia a política econômica implantada durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) — seu irmão, também chamado Michael, foi ministro e presidiu o Banco Central no regime. “Deixando de lado a questão dos direitos humanos, o governo de Pinochet foi melhor para o desenvolvimento do país do que o de Sebastián Piñera”, afirmou na campanha de 2017, acrescentando que, se vivo, o ex-ditador “votaria” nele.
Polêmicas familiares
A mídia chilena revelou que o pai de Kast, Michael Kast, filiou-se ao Partido Nazista na Alemanha antes de migrar para o Chile após a Segunda Guerra. O candidato disse “abominar” o nazismo e argumentou que o pai, então adolescente, foi “obrigado” a lutar ao lado das forças alemãs.
Plataforma de campanha
Kast defende uma economia de mercado com menos intervenção estatal e propõe uma ofensiva contra a imigração ilegal. O programa batizado de “Escudo Fronteiriço” prevê ações por terra, mar, ar, espaço e ciberespaço para, segundo ele, “recuperar a autoridade do Estado” e combater crime organizado e contrabando.
Relação com Bolsonaro
Próximo da família do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, Kast criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil que condenou Bolsonaro, em setembro, a 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe em 2022. Segundo o chileno, magistrados brasileiros “deixaram transparecer” motivações políticas no julgamento.
Com o primeiro turno neste domingo e o segundo marcado para dezembro, as sondagens indicam Kast na segunda posição, mas com vantagem sobre Jeannette Jara nos cenários de desempate, abrindo ao conservador sua melhor oportunidade de, enfim, assumir a presidência do Chile.
Com informações de Gazeta do Povo