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Votos despencam, mas Senado reconduz Gonet à PGR; alinhamento com Moraes e investigações contra Bolsonaro provocam desgaste

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Brasília — 12/11/2025 — O procurador-geral da República, Paulo Gonet, assegurou nesta quarta-feira (12) mais dois anos à frente do Ministério Público Federal, mas viu seu capital político encolher de forma expressiva no Senado. Após seis horas de sabatina marcada por acusações de conluio com o ministro Alexandre de Moraes e suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Gonet foi aprovado por 45 votos a 23 no plenário. Há dois anos, seu nome passara com folga — 65 a 11.

O baque também apareceu na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em 2023, o colegiado registrara 23 votos favoráveis e quatro contrários; desta vez, o placar ficou em 17 a 10. Com cinco votos a menos no plenário, a recondução seria rejeitada.

Críticas da direita

Parlamentares ligados a Bolsonaro lideraram a ofensiva. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acusou Gonet de atuar “em conluio” com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para perseguir seu pai. “O senhor consegue chegar em casa e ficar com a consciência tranquila?”, questionou.

Jorge Seif (PL-SC), que havia votado em Gonet em 2023, anunciou mudança de posição. Ele atribuiu a decisão ao que chamou de “covardia” da PGR contra Bolsonaro e reclamou do suposto alinhamento entre pareceres da Procuradoria e decisões de Moraes.

Também criticaram o procurador-geral Magno Malta (PL-ES), que contestou a defesa da inelegibilidade de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, e Carlos Portinho (PL-RJ), que questionou a fundamentação jurídica da prisão domiciliar aplicada ao ex-presidente em um inquérito envolvendo o deputado Eduardo Bolsonaro.

Defesa governista

Senadores aliados ao governo qualificaram Gonet como garantia de estabilidade entre os Poderes. Relator da indicação, Omar Aziz (PSD-AM) sustentou que o procurador “atua nos autos, não na mídia”. Eduardo Braga (MDB-AM) destacou o “perfil institucional” do indicado em meio à polarização, e Eliziane Gama (PSD-MA) atribuiu à gestão de Gonet papel relevante na preservação da democracia. Petistas como Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato também apoiaram a recondução.

Resposta de Gonet

Alvo de críticas, Gonet afirmou que a PGR age “sem cores partidárias” e negou perseguição a Bolsonaro. Citou o arquivamento de denúncia sobre suposta falsificação do cartão de vacinação do ex-presidente como prova de isenção. Sobre a proximidade com Moraes, disse que as alegações de conluio decorrem de “malícia ou ignorância” e que as trocas de informações entre a Procuradoria-Geral Eleitoral e o TSE são meramente administrativas.

Questionado sobre o inquérito das fake news, aberto há mais de seis anos, respondeu que o procedimento corre sob sigilo, já gerou denúncias e arquivamentos e recebe acompanhamento da PGR. Sobre o projeto de anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, declarou reconhecer a competência do Congresso, mas apontou controvérsia jurídica quanto a crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Votação apertada

A redução de 20 votos favoráveis em comparação com 2023 reflete o desgaste de Gonet entre parlamentares conservadores, que haviam visto no procurador um perfil moderado por sua formação católica e pelos contatos anteriores com Bolsonaro. A nova contagem indica que a recondução só foi garantida graças ao apoio da base governista e do chamado Centrão.

Com o resultado, Gonet permanece no comando da PGR até 2027, mas sob o aviso de que parte significativa do Senado acompanhará de perto sua relação com o STF e sua atuação em casos envolvendo o ex-presidente e seus aliados.

Com informações de Gazeta do Povo