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Ex-aliados de Lula se aproximam do PL para disputar governos estaduais em 2026

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Políticos que já atuaram ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscam o apoio do Partido Liberal (PL) para viabilizar candidaturas aos governos estaduais nas eleições de 2026. O movimento inclui nomes de centro-esquerda que enxergam no capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje inelegível e em prisão domiciliar, uma oportunidade para enfrentar candidatos do PT nos estados.

Ceará: Ciro Gomes negocia coligação com aval de Bolsonaro

O caso mais avançado ocorre no Ceará. Ex-ministro e ex-governador, Ciro Gomes retornou ao PSDB no mês passado, após uma década no PDT, e recebeu sinal verde do PL para liderar uma chapa contra o atual governador Elmano de Freitas (PT). A filiação tucana foi acompanhada pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), que qualificou o movimento como estratégico para derrotar o petismo no estado.

Segundo dirigentes do PL, o apoio a Ciro foi endossado por Jair Bolsonaro e pelo presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, que chegou a retirar ações judiciais contra o ex-presidenciável para viabilizar a aliança. Capitão Wagner (União Brasil-CE) também aderiu ao acordo, abrindo mão de processos contra Ciro e reforçando o bloco oposicionista.

Ciro, que rompeu politicamente com o irmão Cid Gomes (PSB) após divergências sobre a gestão estadual, minimizou antigas desavenças: “De Fortaleza para frente é quase tudo afinidade”, disse ao lado de Fernandes.

Rio de Janeiro: resistência interna trava aproximação com Eduardo Paes

No Rio de Janeiro, a tentativa do prefeito Eduardo Paes (PSD) de atrair o PL enfrenta forte oposição de parlamentares ligados à família Bolsonaro. Em evento do PSDB fluminense, no fim de outubro, Paes apareceu ao lado do deputado federal Altineu Côrtes, presidente estadual do PL, e declarou que poderia compor com o partido “por amor ao Rio”.

A declaração provocou reação imediata. O líder do PL na Assembleia Legislativa, deputado Filippe Poubel, ameaçou deixar a legenda caso a aproximação se confirme: “Água e óleo não se misturam. Não há hipótese de caminhar com Paes”, afirmou. Outros deputados do PL e do União Brasil articulam apoiar o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), pré-candidato ao Palácio Guanabara.

Rodrigo Amorim (União Brasil), líder do governo estadual, classificou Paes como “camaleão” e disse que o prefeito tenta se distanciar de Lula devido à queda de popularidade do petista no estado, considerado majoritariamente conservador.

Papel da segurança pública no debate eleitoral

Rio de Janeiro e Ceará compartilham cenário de avanço das facções criminosas, tema que deve dominar as campanhas de 2026. Em Fortaleza, ação policial deixou sete suspeitos mortos na semana passada, enquanto, no Rio, operações em morros da capital reforçam a pauta da segurança.

No ato de filiação ao PSDB, Ciro Gomes declarou ser “assustador” o domínio territorial das facções e sugeriu formar uma “facção do bem” para mobilizar a juventude contra o crime. Já André Fernandes argumentou que a aliança com Ciro é menos arriscada do que “o medo que o cearense enfrenta ao sair de casa”.

No Rio, Amorim criticou Paes por, segundo ele, omitir-se na área: “Poderia atuar na remoção de barricadas e no ordenamento urbano, mas não faz”, disse o deputado.

Polarização mantém antigos rivais no mesmo campo

Para o cientista político Leandro Consentino, do Insper, a polarização consolidada desde 2018 força líderes a se posicionar em um dos polos: “Ao se distanciar de um lado, você inevitavelmente cai próximo ao outro”, observou. Ele avalia que essa dinâmica deve persistir pelo menos até 2030, enquanto, nos estados, acordos locais podem suplantar alianças nacionais.

As assessorias de Ciro Gomes e Eduardo Paes foram procuradas, mas não responderam até o fechamento desta reportagem.

Com informações de Gazeta do Povo