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Megaoperação com 121 mortos acende alerta para possíveis retaliações do Comando Vermelho

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A ofensiva policial realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro, deixou 121 mortos — entre eles quatro agentes de segurança — e resultou em 113 prisões, apreensão de 118 armas e cerca de uma tonelada de drogas. Especialistas em segurança pública consideram que a ação, classificada como “sucesso operacional” pelo governo fluminense, pode levar o Comando Vermelho (CV) a desencadear medidas de retaliação.

Risco de reação em múltiplas frentes

Analistas ouvidos pela reportagem apontam duas linhas de resposta da facção: no campo informacional, com a tentativa de influenciar o debate público por meio de organizações civis, e no terreno, com atos concretos que incluiriam rebeliões em presídios, ataques a forças de segurança e sabotagens.

Nesta sexta-feira (7), o Ministério da Justiça relatou que uma concessionária de energia que atende a região da COP-30, no Pará, recebeu ameaças atribuídas a um suposto integrante do CV. Não há confirmação de que o criminoso tenha agido por ordem direta da facção.

Possíveis focos de retaliação

O investigador aposentado das forças federais Sérgio Leonardo Gomes avalia que o CV “raramente deixa ações dessa magnitude sem resposta” e cita histórico de bloqueios de vias, incêndio de ônibus e ataques a bases policiais como táticas recorrentes. O coronel da reserva da PM Alex Erno Breunig acrescenta que rebeliões em presídios podem ocorrer de forma simultânea às investidas nas ruas.

Dados do Ministério da Justiça indicam a presença de faccionados do CV em unidades prisionais de 23 estados e do Distrito Federal. Para Breunig, esse número coloca todo o sistema penitenciário em estado de atenção.

Fronteiras reforçadas

Autoridades brasileiras, argentinas e paraguaias intensificaram a vigilância nos limites territoriais após a operação no Rio. Três brasileiros suspeitos de integrar o CV foram detidos em 31 de outubro na província de Misiones (Argentina) ao tentar cruzar por uma rota clandestina. Os governos dos três países mantêm cooperação no âmbito do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira.

O investigador Sérgio Leonardo Gomes destaca que líderes da facção costumam ter rotas de fuga pré-estabelecidas para Paraguai ou Bolívia, utilizadas tanto para escapar de cerco policial quanto para abastecer a organização com armas e drogas.

Expectativa de três fases de reação

Forças de segurança ouvidas preveem que o CV possa adotar, em sequência, (1) reorganização interna, com substituição de membros mortos ou presos; (2) ações simbólicas, como atentados contra agentes públicos para recuperar moral; e (3) retomada territorial em áreas onde perdeu influência.

O presidente da Associação de Guardas Municipais do Brasil, Reinaldo Monteiro, acredita que o grupo evitará confronto direto se não tiver prejuízos consideráveis em seus negócios. Ele observa, porém, que a facção “repõe rapidamente” integrantes e pode lançar ataques pontuais caso perceba ameaça a suas rotas de tráfico.

Para o cientista político Marcelo Almeida, a ofensiva em Penha e Alemão atingiu corredores logísticos essenciais, o que afeta financeiramente a cadeia criminosa e aumenta o risco de sabotagens ou assaltos para recompor caixa. Já o ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) defende que o Estado mantenha pressão, mesmo diante da possibilidade de reações.

Embora especialistas alertem que a “verdadeira resposta” do Comando Vermelho possa ocorrer nas próximas semanas, as forças de segurança federais e estaduais afirmam manter monitoramento reforçado em todo o país.

Com informações de Gazeta do Povo