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Cristão cego é acusado de blasfêmia no Paquistão e pode ser condenado à morte

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Nadeem Masih, cristão paquistanês de 49 anos e cego, foi preso em 21 de agosto, em Lahore, após ser acusado de insultar o profeta Maomé. O crime de blasfêmia, previsto no Artigo 295-C do Código Penal do Paquistão, prevê pena de morte.

Segundo o relato de sua mãe, Martha Yousaf, de quase 80 anos, a denúncia partiu de Waqas Mazhar, colega muçulmano que trabalha como prestador de serviços de estacionamento no Model Town Park, onde Masih ganhava a vida oferecendo uma balança a pequenos comerciantes. A família afirma que Mazhar e outros funcionários do parque hostilizavam o cristão com frequência, extorquiam dinheiro, jogavam água sobre ele e o agrediam.

No dia da prisão, Mazhar e um cúmplice teriam impedido Masih de montar sua barraca, agrediram-no e o levaram de motocicleta até a delegacia de Model Town, onde formalizaram a acusação de blasfêmia. A polícia registrou ocorrência e manteve o cristão detido.

Denúncias de tortura e irregularidades no processo

Martha contou que, ao visitar o filho, ouviu dele que policiais o espancaram para forçar uma confissão. “Eles o maltratam mesmo sabendo que ele é totalmente cego e tem uma haste de ferro na perna”, afirmou.

O advogado de defesa, Javed Sahotra, aponta inconsistências no Boletim de Ocorrência. O subinspetor Muhammad Ayub declarou ter recebido a denúncia às 23h, enquanto o parque fecha às 21h. Além disso, Masih telefonou para a linha direta da polícia às 6h para relatar agressões sofridas, sem obter ajuda. O defensor pediu ao superintendente de Model Town o registro de chamadas de Ayub para comprovar a localização do agente no horário citado.

Sahotra informou que, caso a fiança seja negada na instância inicial, recorrerá ao Tribunal Superior de Lahore. Ele também confirmou a suspeita de tortura: “É lamentável que uma pessoa cega tenha sido submetida a um tratamento tão desumano”.

Contexto familiar e social

Masih vive com a mãe em Chak No. 9/4L, distrito de Okara, na província de Punjab. Viúva, Martha perdeu outro filho anos atrás e depende do sustento de três filhas, uma delas divorciada e empregada doméstica. Apesar da deficiência visual, Masih concluiu a graduação, mas não conseguiu emprego formal.

Repercussão

Naeem Yousaf, diretor executivo da Comissão Nacional para Justiça e Paz (NCJP), ligada à Igreja Católica, condenou a prisão. “Sobrecarregado pela pobreza, cegueira e crueldade social, ele agora sofre ainda mais atrás das grades”, declarou.

Organizações internacionais, como a Human Rights Watch, denunciam o uso das leis de blasfêmia para perseguir minorias e resolver disputas pessoais. Em relatório de 9 de junho, a entidade afirmou que tais acusações servem para “incitar violência coletiva” e “confiscar propriedades”. O Paquistão ocupa a 8ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da missão Portas Abertas.

Com informações de Folha Gospel