Brasília – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes anunciou nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025, que a Polícia Federal (PF) abrirá inquérito específico para investigar o fluxo de lavagem de dinheiro de organizações criminosas no Rio de Janeiro e a presença dessas facções em órgãos do Estado.
A decisão foi comunicada durante audiência sobre a recente megaoperação policial realizada na capital fluminense. Em abril, ao concluir o julgamento da ADPF 635 – conhecida como “ADPF das Favelas” – o STF já havia determinado que a PF intensificasse o combate às facções no estado. Até o momento, porém, a corporação não divulgara detalhes das ações adotadas; o diretor-geral Andrei Rodrigues limitou-se a informar a criação de um grupo de trabalho.
Segundo Moraes, a PF ficará responsável pela “investigação macro”, com foco no rastreamento financeiro das quadrilhas. O ministro destacou que reduzir o poder econômico de milícias e do tráfico é condição essencial para conter a violência no Rio.
Autonomia pericial em debate
Na reunião – fechada à imprensa e acompanhada por entidades de direitos humanos – Moraes apontou a falta de autonomia e estrutura da Polícia Técnico-Científica fluminense como obstáculo às apurações. Ele criticou a subordinação do órgão à Polícia Civil, argumentando que a dependência compromete a independência das investigações.
O ministro reiterou ainda a necessidade de fortalecer o controle externo da atividade policial pelo Ministério Público, defendendo atuação preventiva e autônoma.
Presente à audiência, o subprocurador-geral da República Nicolao Dino lembrou que o Brasil é cobrado por organismos internacionais pelo alto índice de letalidade policial. Para ele, é urgente reforçar mecanismos de fiscalização do Ministério Público e garantir perícias técnicas imparciais.
Não foram divulgadas datas ou prazos para a conclusão do inquérito, mas Moraes afirmou que o STF acompanhará de perto cada etapa da investigação.
Com informações de Gazeta do Povo
