CARACAS, 30 de outubro de 2025 – A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, descartou a oferta do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de intermediar as tensões entre o ditador Nicolás Maduro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em entrevista publicada nesta quinta-feira (30) pelo jornal O Globo, Machado afirmou que “algo assim nunca seria aceito pelos cidadãos venezuelanos”. A declaração ocorre quatro dias depois de Lula apresentar a proposta de mediação a Trump durante encontro na Malásia, no domingo (26), em meio ao acirramento provocado pela operação militar norte-americana de combate ao narcotráfico no mar do Caribe, próximo à costa venezuelana, e no Pacífico.
Vencedora do Nobel da Paz de 2025 por sua atuação pela restauração da democracia na Venezuela, María Corina criticou Lula por não reconhecer a vitória do oposicionista Edmundo González na eleição presidencial de 2024, que, segundo a oposição, foi fraudada para manter Maduro no poder.
“O presidente Lula, como todos os governos do mundo, sabe que Maduro foi derrotado. A pergunta é: os venezuelanos somos cidadãos de segunda classe, não temos direito de escolher e de ter nossa vontade respeitada?”, questionou. A opositora reforçou que qualquer negociação deve começar com o reconhecimento da derrota de Maduro. “Todo o resto é inaceitável, sobretudo vindo de um mandatário que se diz democrático.”
Machado também responsabilizou os governos do Brasil e da Colômbia por, ao exigirem a divulgação das atas de votação de 2024 — documento jamais apresentado pelo chavismo —, terem dado tempo para “uma das piores escaladas de violência” no país desde julho do ano passado, quando ocorreu a eleição.
Para a líder oposicionista, Maduro deveria “entender que, para seu próprio bem, a melhor opção é facilitar uma transição pacífica”. O ponto de partida, insistiu, é a saída do dirigente chavista.
Com informações de Gazeta do Povo