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Trump determina retomada imediata de testes nucleares e tensiona disputa com Rússia e China

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a volta dos testes nucleares do país após mais de três décadas de paralisação, decisão que desencadeou reações imediatas de Moscou e Pequim.

Em mensagem divulgada na quarta-feira (29), Trump afirmou ter instruído o Departamento de Guerra a reiniciar os ensaios “em igualdade de condições” com outras potências. O pronunciamento ocorreu no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, promoveu testes de um supertorpedo de propulsão nuclear.

Repercussão chinesa

No dia seguinte, quinta-feira (30), o porta-voz chinês Guo Jiakun cobrou que Washington cumpra o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, de 1996. Apesar da cobrança, relatórios da Federação de Cientistas Americanos (FAS) estimam que a China possua cerca de 600 ogivas – 24 delas operacionais – e que o país vem expandindo rapidamente seu arsenal.

Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), o estoque chinês dobrou nos últimos cinco anos e pode ultrapassar 1.000 ogivas até 2030. O novo plano quinquenal de defesa divulgado por Pequim coloca o fortalecimento das forças de dissuasão estratégica, incluindo o componente nuclear, como prioridade.

Capacidade russa e norte-americana

Dados da Associação de Controle de Armas indicam que Rússia e Estados Unidos mantêm, respectivamente, 5.580 e 5.225 ogivas. Já o Departamento de Defesa norte-americano calcula 4.300 artefatos para Moscou e 3.700 para Washington.

O coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho lembra que a Rússia testou recentemente o míssil 9M730 Burevestnik e o torpedo nuclear Poseidon, enquanto imagens de satélite sugerem que a China prepara instalações para testes subterrâneos.

Objetivo declarado de Trump

Falando a jornalistas no avião presidencial a caminho dos Estados Unidos, após encontro na Coreia do Sul com o líder chinês Xi Jinping, Trump disse que a retomada dos testes mira a “desnuclearização” e a inclusão de Pequim nas negociações de controle de armas conduzidas com Moscou.

“Gostaria de ver uma redução, porque temos muitas armas e a Rússia também. A China virá logo atrás. Estamos tratando disso com a Rússia e queremos adicionar a China”, declarou o presidente.

Ameaça russa de abandonar moratória

Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov avisou que Moscou poderá romper sua moratória se outras potências retomarem experimentos. A Rússia não realiza testes nucleares desde a dissolução da União Soviética.

Pressão sobre tratados vigentes

O New START, principal acordo de limitação de arsenais entre Washington e Moscou, expira em 4 de fevereiro e não há definição sobre renovação. A Rússia suspendeu em 2023 os mecanismos de verificação, mantendo-os apenas de forma voluntária, sob condição de reciprocidade dos Estados Unidos.

O anúncio de Trump é visto por analistas militares como parte de uma estratégia para levar Rússia e China a uma nova rodada de negociações, em meio ao aumento das tensões geopolíticas e à possível abertura de uma nova era de testes nucleares.

Com informações de Gazeta do Povo