Brasília — 28 de outubro de 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (28) que apenas uma parcela da bancada do Partido Liberal (PL) tem se mostrado disposta a apoiar as iniciativas de ajuste nas contas públicas propostas pelo governo. Segundo ele, outro grupo da sigla “não dá nem para conversar”.
A fala foi feita na chegada de Haddad ao Ministério da Fazenda, em meio às articulações para reapresentar medidas de aumento de receita que buscam equilibrar o Orçamento de 2026. A versão anterior dessas propostas, reunidas na chamada “MP da Taxação”, foi arquivada pela Câmara dos Deputados há três semanas, sem análise de mérito. O texto visava arrecadar de R$ 17 bilhões a R$ 20 bilhões.
Tributação de apostas online
Entre os principais pontos do novo pacote está o reajuste da alíquota sobre apostas esportivas online, as “bets”. O governo quer elevar a carga de 12% para 18%, mudança que, na primeira tentativa, acabou desidratada durante a tramitação na Câmara, resultando em perda estimada de R$ 3 bilhões. Mesmo assim, Haddad garantiu que a proposta retornará ao debate e atribuiu a resistência à pressão das plataformas do setor.
O ministro destacou que parte significativa dos deputados do PL já endossou a correção dessa tributação e, inclusive, teria se insurgido contra a gestão anterior de Jair Bolsonaro por manter isenção às casas de apostas durante quatro anos. “Não é verdade que todo o PL apoia o que o governo anterior fez”, afirmou.
Divisão de projetos
A equipe econômica planeja encaminhar as mudanças em dois projetos distintos: um voltado à ampliação da arrecadação e outro focado na redução de gastos. Entre as alterações previstas está o aumento da alíquota do IOF sobre bens adquiridos por pessoas físicas no exterior, dispositivo que constava na MP arquivada e será reapresentado.
Haddad informou que o governo pretende submeter os textos ao Congresso ainda nesta semana. O objetivo é fechar a programação orçamentária de 2026 sem descuidar da meta de resultado primário.
Questionado sobre o comportamento da bancada liberal, o ministro resumiu: “A parte boa do PL negocia a correção de injustiças tributárias; a outra parte prefere não conversar”.
Com informações de Gazeta do Povo