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Milei amplia bancada nas eleições de meio de mandato e impõe novo revés ao kirchnerismo

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Buenos Aires – O partido A Liberdade Avança, do presidente argentino Javier Milei, venceu as eleições legislativas de meio de mandato realizadas no domingo (26) e superou a coalizão peronista-kirchnerista por mais de nove pontos percentuais: 40,9% contra 31,6%, segundo a apuração oficial.

Com o resultado, anunciado na madrugada de segunda-feira (27), a legenda libertária saltou de 37 para 92 cadeiras na Câmara dos Deputados (de um total de 257) e de 6 para 19 no Senado, que possui 72 assentos. Embora ainda distante da maioria absoluta, o partido passa a deter mais de um terço da Câmara, número suficiente para sustentar eventuais vetos presidenciais.

Reação do presidente e impacto das reformas

“Uma nova Argentina começou”, declarou Milei na manhã de segunda-feira. O presidente afirmou que o eleitorado optou por “seguir caminho diferente de Venezuela e Cuba” e reforçou que pretende acelerar suas reformas fiscais e trabalhistas na segunda metade do mandato, que completa dois anos em dezembro. Os parlamentares eleitos tomarão posse em 10 de dezembro.

Desgaste do kirchnerismo

O revés atingiu em cheio a provincia de Buenos Aires, tradicional bastião peronista. O governador Axel Kicillof, aliado da ex-presidente Cristina Kirchner, foi derrotado em seu reduto, ampliando a sequência de fracassos sofridos pelo kirchnerismo em pleitos de meio de mandato (2009, 2013, 2017 e 2021).

Para o economista Igor Lucena, a votação “funcionou como um referendo” sobre a gestão Milei. Já José Niemeyer, professor de relações internacionais do Ibmec-Rio, avalia que, mesmo com 66% de comparecimento — o índice mais baixo desde 1983 —, o resultado “mostra que o projeto de reduzir o peso do Estado mantém apoio popular”.

Apoio de Trump e ajuda financeira

A campanha de Milei contou com respaldo público do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, cujo governo firmou este mês um swap cambial de US$ 20 bilhões para reforçar as reservas argentinas e sinalizou buscar outros US$ 20 bilhões junto a bancos privados e fundos soberanos. Segundo Lucena, o socorro foi “crucial” para a vitória governista e fortalece a aliança entre Buenos Aires e Washington.

Analistas observam que o novo fôlego legislativo deve facilitar a tramitação de pacotes econômicos apresentados pelo Executivo. Ainda assim, A Liberdade Avança precisará negociar com outras bancadas para aprovar projetos que exigem maioria simples ou qualificada.

Ao canal A24, Milei destacou que a reversão do resultado na província de Buenos Aires “reconfigura a estrutura política” para a negociação de leis prometidas durante a campanha.

O processo eleitoral encerrou-se sem registro de incidentes relevantes, segundo a Justiça Eleitoral argentina.

Com informações de Gazeta do Povo