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Ambipar afunda em dívidas de R$ 10,7 bi e pede proteção judicial no Brasil e nos EUA

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São Paulo – O grupo brasileiro de gestão ambiental Ambipar entrou com pedido de recuperação judicial no Brasil nesta terça-feira (21) e solicitou proteção contra credores nos Estados Unidos, pelo capítulo 11 da lei de falências norte-americana. A empresa declarou passivo de R$ 10,7 bilhões e enfrenta suspeitas de transações financeiras irregulares que derrubaram o preço de suas ações.

Fundada e liderada por Tércio Borlenghi Neto em parceria com a gestora de investimentos Tanure, de Nelson Tanure, a companhia cresceu rapidamente na última década por meio de mais de 40 aquisições e da expansão internacional em serviços de gestão de resíduos e resposta a emergências ambientais. O avanço acelerado elevou o endividamento e expôs o grupo a problemas de liquidez, agravados em 2025 pela alta de juros e pela redução de contratos públicos e privados.

Em comunicado ao mercado, a Ambipar afirmou que “mantém suas operações normalmente e segue oferecendo serviços de excelência”, destacando a manutenção da força de trabalho e dos serviços prestados.

No fim de setembro, a 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro havia concedido liminar que suspendeu temporariamente cobranças e pagamentos a credores. A decisão foi encarada como sinal de insolvência e levou a Fitch Ratings a rebaixar o rating da companhia de BB- para C, nível que indica calote técnico iminente. A agência avisou que um plano de reestruturação poderá levar a nota a RD (inadimplência restrita) ou D (recuperação judicial).

No mesmo dia da liminar, as ações AMBP3 caíram mais de 20% na B3. Desde o início de 2025, a desvalorização ultrapassa 50%, enquanto investidores aguardam o plano de recuperação que será submetido à Justiça.

A trajetória de crescimento da Ambipar ganhou força após o IPO em 2020, que levantou mais de R$ 1 bilhão. Em 2023, a empresa listou a subsidiária Ambipar Response na Bolsa de Nova York. Em 2024, os papéis AMBP3 chegaram a valorizar 730%, movimento que motivou sucessivos pedidos de explicação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre oscilações atípicas.

A crise se intensificou em setembro de 2025 com a renúncia do diretor financeiro, João Arruda, em meio a suspeitas de perdas em contratos de swap e derivativos. A CVM abriu investigação sobre possíveis irregularidades nessas operações e em recompras de ações realizadas pela companhia.

Paralelamente, a Ambipar firmou em 24 de janeiro de 2025, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, um protocolo de intenções com o Ministério dos Povos Indígenas para cooperação em projetos de sustentabilidade em terras indígenas. Após o pedido de recuperação judicial, ainda não há definição sobre o futuro desse acordo.

Com o processo de recuperação judicial e a proteção concedida nos Estados Unidos, a empresa busca renegociar dívidas e preservar suas atividades enquanto apresenta um plano de reestruturação financeira.

Com informações de Gazeta do Povo