Parlamentares contrários ao governo reagiram nesta quarta-feira (15) à articulação do Palácio do Planalto para captar R$ 20 bilhões junto a bancos públicos e privados com objetivo de reforçar o caixa dos Correios. O socorro, informado na terça-feira (14), será garantido pelo Tesouro Nacional e depende da aprovação de instituições como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Pelo desenho inicial, a estatal receberá R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. O dinheiro deverá financiar capital de giro, programas de desligamento voluntário e renegociações de dívidas, desde que a empresa adote medidas de ajuste interno.
Déficit recorde aciona alerta
Só no primeiro semestre de 2025, os Correios acumularam prejuízo de R$ 4,4 bilhões, superando o resultado negativo de todo o ano de 2024, que foi de R$ 2,6 bilhões. Os números, segundo deputados da oposição, evidenciam problemas de gestão e de controle de gastos.
Críticas no Congresso
Vice-líder da oposição, o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) classificou a operação como “um golpe na responsabilidade fiscal” e afirmou que a conta recairá sobre os contribuintes. Rodrigo Valadares (União-SE) disse que o pedido de crédito comprova o fracasso da política de administração das estatais. “Se precisa de R$ 20 bilhões, é porque a governança falhou”, declarou.
Coronel Tadeu (PL-SP) cobrou transparência sobre as causas do rombo: “Quem explica esse déficit?” Já Capitão Alberto Neto (PL-AM) alertou para um possível efeito cascata nas contas públicas, reduzindo espaço para investimentos sociais. Rodolfo Nogueira (PL-MS) prometeu fiscalização rigorosa para evitar que o custo recaia sobre a população.
Reunião definiu estratégia
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, a proposta foi discutida em 9 de outubro, em encontro que reuniu os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão), Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e representantes do Tesouro Nacional, PGFN, Banco do Brasil e Caixa.
Justificativa da empresa
Em nota, os Correios atribuíram os resultados negativos de 2024 à chamada “taxa das blusinhas”, criada no novo marco regulatório das compras internacionais. De acordo com a estatal, a cobrança reduziu a receita no período.
O projeto de empréstimo ainda precisa do aval dos bancos envolvidos e do Tesouro para seguir adiante.
Com informações de Gazeta do Povo