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Boulos articula entre Lula e sindicatos para salvar Avibras da crise

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Brasília – Às vésperas de nova discussão na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) assumiu o papel de mediador entre o Palácio do Planalto e sindicatos metalúrgicos na tentativa de estatizar a Avibras Indústria Aeroespacial, maior fabricante brasileira de armamento pesado, hoje em recuperação judicial.

Na manhã desta terça-feira, 14 de outubro de 2025, Boulos defendeu o Projeto de Lei 2957/2024, que prevê a incorporação da companhia pelo Estado. Em mensagem pública, o parlamentar evocou a “soberania nacional” e alertou para o risco de a empresa ser adquirida por capital estrangeiro, citando os Estados Unidos como possível beneficiário.

Sinais trocados no governo

Embora o discurso de Boulos dialogue com bandeiras históricas do PT, integrantes do governo demonstram cautela. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o ministro da Defesa, José Múcio, já indicaram preferência por soluções de mercado. Além disso, o Planalto não quer abrir mão dos mais de R$ 600 milhões que a Avibras deve à União nem assumir novos gastos em ano eleitoral.

Pressão sindical

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, presidido por Weller Gonçalves, cobra avanço do PL e questiona se Boulos levará a proposta adiante mesmo contrariando o Executivo. Para ampliar a mobilização, caravanas do ABC Paulista partiram na segunda-feira rumo a Brasília com trabalhadores que relatam salários atrasados e meses de greve.

Crise prolongada

Fundada em 1961, a Avibras produz, entre outros equipamentos, o lançador de mísseis Astros II, comparado ao sistema norte-americano Himars. Em março de 2022, a companhia entrou em recuperação judicial alegando dívida de R$ 600 milhões. O plano foi aprovado por credores em julho de 2023, mas, segundo a direção, a retomada plena ainda depende de novos aportes.

Apesar da campanha pela estatização, a própria empresa rejeita a ideia. Em comunicado de setembro, informou que reativou áreas essenciais, realizou reuniões com clientes e planeja restaurar a capacidade produtiva após três anos de paralisação.

O debate sobre o futuro da Avibras prossegue na Câmara, onde Boulos tenta conciliar interesses de trabalhadores e exigências fiscais do governo.

Com informações de Gazeta do Povo