LAUCA Ñ (BOLÍVIA) — O ex-presidente boliviano Evo Morales, 65 anos, declarou neste domingo (12.out.2025) que “não há maneira de que me tirem daqui desta vez”. Ele permanece abrigado em um acampamento instalado em Lauca Ñ, nos arredores de Villa Tunari, região de Cochabamba.
Procurado pela Justiça da Bolívia, Morales responde a processos por estupro de vulnerável e tráfico de pessoas. O local onde está escondido é protegido 24 horas por dia por indígenas de diversas etnias armados com lanças de madeira e escudos artesanais, que se revezam para impedir sua captura.
Clima político e segundo turno
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-mandatário comentou o cenário político às vésperas do segundo turno presidencial de 19 de outubro. A disputa será travada entre Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, e Jorge Tuto Quiroga, da Aliança Livre. Morales classificou o momento como “virada conservadora”, ressaltando que mais da metade do eleitorado votou nulo, em branco ou se absteve, o que, segundo ele, evidencia insatisfação com o sistema político.
Isolamento e rompimento com o MAS
Desde que retornou do exílio na Argentina, em 2020, Evo Morales vive afastado do centro do poder. Ele e o atual presidente Luis Arce romperam relações e foram expulsos do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que ambos fundaram. A divisão interna culminou na proibição de sua candidatura às eleições deste ano.
Acusações e defesa
A Promotoria boliviana acusa Morales de ter tido, em 2016, uma filha com uma adolescente de 15 anos, configurando estupro de vulnerável. O caso também foi enquadrado como tráfico de pessoas sob suspeita de concessão de vantagens políticas aos pais da jovem. O ex-presidente alega perseguição política e diz que o relacionamento foi consensual. “A moça, que é minha amiga e mãe do meu filho, afirmou que não houve abuso. Se não há crime, não há delito”, afirmou.
Morales reafirmou que permanecerá no acampamento enquanto considerar necessário e insistiu na própria inocência diante das acusações.
Com informações de Gazeta do Povo
