Brasília — O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), declarou no fim de semana que o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 “está definitivamente enterrado”. A avaliação foi feita após pesquisa PoderData indicar 64% da população contrária à medida e apenas 27% favorável.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar afirmou que irá encaminhar os números “a todos os líderes” para encerrar o debate. “Isso mostra a mudança de conjuntura que está acontecendo no Brasil”, disse.
Isolamento político
Lindbergh argumenta que o bolsonarismo se encontra cada vez mais isolado e que a mobilização popular contra a anistia contribuiu para frear o avanço da proposta. No mês passado, atos organizados por movimentos de esquerda pressionaram o Congresso a abandonar o tema e priorizar pautas do governo federal.
Alternativa em discussão
Diante da resistência, parte da oposição passou a articular o chamado PL da Dosimetria, destinado a revisar penas aplicadas aos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. O texto, num primeiro momento, não beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Deputados, porém, pretendem apresentar destaques para estender o alcance do projeto a Bolsonaro — manobra considerada inviável pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele classificou a estratégia como “isca dos opositores da anistia” e disse que não há votos suficientes para aprovar as mudanças.
Relator pede tempo
Relator da proposta, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) informou, em reunião com sindicalistas na semana passada, que pretende “esperar a poeira baixar” antes de apresentar seu parecer. A Câmara ainda sente os reflexos da pressão que levou o Senado a arquivar, dias atrás, a PEC da Imunidade.
Paulinho reuniu-se também com lideranças do PL, legenda mais resistente ao projeto alternativo. Segundo o relator, todos os partidos estão sendo ouvidos antes do fechamento do texto.
O assunto segue em compasso de espera, enquanto governo e oposição avaliam os próximos passos diante da crescente rejeição da sociedade à anistia ampla.
Com informações de Gazeta do Povo