Bogotá – O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, determinou nesta quarta-feira (1.º) a expulsão de todos os representantes de Israel ainda presentes no país e anunciou a suspensão do Tratado de Livre Comércio (TLC) firmado com o Estado israelense. A decisão foi divulgada na rede X, pouco depois de vir à tona a informação de que a Marinha israelense interceptou, em águas internacionais, uma flotilha que transportava ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
“Se isso for verdade, há um novo crime internacional cometido por Benjamin Netanyahu”, escreveu Petro, referindo-se ao primeiro-ministro de Israel. O presidente afirmou que duas cidadãs colombianas que participavam da missão humanitária foram detidas e que o Ministério das Relações Exteriores prestará assistência jurídica, convocando advogados internacionais a colaborar com o governo.
Rompimento diplomático completo
Desde maio de 2024, Bogotá já não mantinha relações diplomáticas formais com Israel por causa da ofensiva militar israelense contra o Hamas em Gaza. O então embaixador israelense, Gali Dagan, deixou o território colombiano em 20 de junho do mesmo ano. Ainda assim, alguns funcionários consulares permaneceram na capital, segundo o ex-chanceler Julio Londoño Paredes. “O presidente agora ordenou que todos saiam; trata-se de um rompimento total”, afirmou o diplomata à agência EFE.
No site da chancelaria colombiana continuam listados a encarregada de negócios interina Hilly Haya Gal Or e o cônsul-geral Yacov Valer, além de outros servidores de cooperação. A ordem de Petro inclui esses representantes.
TLC denunciado
O Tratado de Livre Comércio entre Colômbia e Israel foi assinado em 30 de setembro de 2013 e entrou em vigor em 10 de agosto de 2020. Segundo o artigo 15.4 do acordo, qualquer parte pode denunciá-lo mediante nota diplomática; a rescisão só passa a valer seis meses após o recebimento da comunicação. “O governo deverá notificar Israel, e a suspensão produzirá efeitos meio ano depois”, explicou Londoño.
Em 2024, Petro já havia proibido a exportação de carvão colombiano para Israel, embora admita que navios com o mineral continuaram zarpando, o que classificou como “desafio” à sua administração.
Tensão com os Estados Unidos
O anúncio ocorre cinco dias depois de o Departamento de Estado norte-americano revogar o visto de Petro. A medida foi tomada após o presidente colombiano participar, em Nova York, de um protesto pró-Palestina no qual conclamou militares dos EUA a desobedecerem ordens, atitude considerada “imprudente e incendiária” por Washington. Em solidariedade, vários ministros colombianos renunciaram voluntariamente aos vistos; outros tiveram os documentos cancelados pela autoridade norte-americana.
Com a denúncia do TLC e a retirada dos últimos funcionários israelenses, Colômbia e Israel ficam sem qualquer canal diplomático ou comercial direto, ao menos até nova decisão dos dois governos.
Com informações de Gazeta do Povo