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Paralisação do governo dos EUA ameaça dados de emprego e balança global de juros

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O governo dos Estados Unidos entrou em shutdown às 1h (horário de Brasília) desta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, depois de o Congresso não chegar a um acordo sobre o orçamento federal. Trata-se da 15ª paralisação em 45 anos, período que já registrou 14 episódios semelhantes, sendo o mais longo o de 34 dias entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019.

Durante a suspensão, apenas serviços considerados essenciais, como Forças Armadas e hospitais financiados pela União, continuam funcionando. Todos os demais órgãos federais reduzem ou interrompem atividades.

Relatório de emprego sob risco

Se o impasse não for solucionado até sexta-feira, 3 de outubro, o relatório mensal de geração de empregos nos EUA, tradicionalmente divulgado nessa data, não sairá. O documento é referência para as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e, por consequência, para os juros globais, já que os títulos do Tesouro americano servem de parâmetro a diversos mercados.

Em setembro, o Fed cortou a taxa básica pela primeira vez desde dezembro, citando números fracos de criação de vagas. Caso a paralisação se estenda até o fim de outubro, quando ocorre a próxima reunião do banco central, a autoridade monetária terá de definir os juros sem os dados mais recentes de emprego.

Efeitos possíveis nos mercados

Para o economista-chefe da consultoria RSM U.S., Joe Brusuelas, paralisações anteriores provocaram apenas surtos moderados de especulação em taxas e moedas. Ele pondera, porém, que um shutdown superior a um mês — próximo ao recorde de 2018-2019 — teria potencial de influenciar a decisão de juros do Fed e, em cadeia, os fluxos internacionais de capital, as curvas de rendimento e as cotações cambiais.

Brusuelas acrescenta que uma eventual demissão em massa de servidores federais, hipótese aventada durante a gestão Trump, poderia pressionar o dólar para baixo e direcionar recursos para o euro e o iene.

Impacto limitado no PIB, diz histórico

O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) estimou que a paralisação de 2018-2019 reduziu o Produto Interno Bruto dos EUA em 0,4%. No mercado acionário, o índice S&P 500 avançou cerca de 12% nos 12 meses seguintes a diferentes shutdowns, segundo Jacob Falkencrone, chefe global de estratégia de investimentos do Saxo Bank.

Apesar da incerteza sobre a duração do novo impasse, analistas concordam que o impacto geral ganha relevância apenas a partir de paralisações prolongadas, quando a maior economia do planeta começa a refletir nos indicadores de outros países.

Com informações de Gazeta do Povo